29 de março de 2010

OS MEUS POSTERS: Águia das Estepes






































AVAREZA. Akira Kurosawa nasceu há cem anos, o que leva a que as homenagens surjam aqui e ali, ainda que sem o impacto merecido. Por isso, nada como lembrar A ÁGUIA DAS ESTEPES, uma das suas muitas obras-primas. Esta é talvez a mais austera e com a mensagem mais forte, por enaltecer valores tão sólidos como a preserverança e a amizade, ainda que não de modo convencional. O relato da relação de sobreviência entre um militar czarista e um caçador asiático é cinema em estado puro. Ao confrontar a intempérie com a civilização, o filme cresce até às alturas dos maiores e aí fica, até à última cena.

22 de março de 2010

NA SALA ESCURA: Jogo de máscaras de Burton

GULA. "Existe um lugar. Como nenhum outro na Terra. Um lugar cheio de beleza, mistério e perigo! Alguns dizem que sobrevivem a ele..." Chapeleiro Louco (Johnny Depp)

Diz-se que era o projecto mais aguardado do ano, mesmo que só se esteja em Março, e percebe-se porquê: ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS é o regresso a um clássico literário na memória colectiva, mas na apropriação única operada por um dos grandes génios da imagem: Tim Burton.

O que o filme consegue fazer com o património dúplice de Lewis Carroll é reactualizar os conceitos gráficos, renovar o sentido de aventura onírica e brincar com as coordenadas da imaginação. Mais do que um filme denso de conteúdo, ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS é mais um soberbo jogo de máscaras que o realizador de "Eduardo Mãos de Tesoura" esculpe com o dom que só ele tem.

A caracterização é de tal forma brilhante, que rapidamente o espectador esquece o virtuosismo do 3D e se deixa levar pelas peripécias de Alice, aqui uma jovem mais crescida do que o costume, numa espécie de sequela perante a fábula que figura na nossa mente.

Se a primeira parte da história tem um singelo tom vitoriano, assim que a protagonista segue o coelho apressado e cai no buraco que dá para "Under Land" e não "Wonderland" o assombro é imediato. Nada foi deixado ao acaso: cada sequência é recheada de cor, cada personagem é trabalhada ao detalhe, cada efeito especial é usado a favor de uma história singular e quase hermética.

Se não fosse Tim Burton a dirigir esta versão, só David Lynch lhe poderia fazer frente. Neste caso, se há algo que pode deixar um amargo de boca é mesmo a incapacidade por ir no lado mais profundo da história ou numa certa condescendência de Burton nas exigências da Disney para travar o tom gótico que o cineasta tanto aprecia.

Ainda assim o que fica? Um sincero filme para toda a família e uma experiência visual para mais tarde recordar.

ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS
De Tim Burton (2010)
* * * *
A cumplicidade com Johnny Depp está lá, pela sétima vez, intacta; o tom onírico trabalhado também; as caricaturas fortes permanecem; e o sentido de fantasia visual também. Tim Burton volta a acertar naquele que é já o maior sucesso da sua carreira. É merecido. Apesar de algo superficial na composição de uma história fluída, o filme é um doce. Uma jornada por um espaço que parece uma gigantesca tela, um testemunho fiel à escrita de Lewis Carroll. O cinema de massas só sai a ganhar.

18 de março de 2010

O QUE AÍ VEM... Inception

SOBERBA. «O filme lida basicamente com diversos níveis de realidade e de percepções da realidade, algo que é do meu interesse.» CHRISTOPHER NOLAN

Entre colaborações frutíferas com Martin Scorsese, Leonardo DiCaprio escolhe projectos a dedo, com realizadores de prestígio, para se afirmar cada vez mais como um dos melhores actores da sua geração.

Quando nos cinema ainda nos envolve com a duplicidade de 'Shutter Island', há já um novo filme em marcha, desta vez centrado no cinema de acção futurista: INCEPTION, que, segundo consta, terá o título em português "A Origem", é não só o regresso de DiCaprio, como também do realizador Christopher Nolan, que está nos píncaros devido à sua nova visão da célebre personagem 'Batman'.

Agora, e apesar dos valores de produção envolvidos, Nolan parece querer voltar a premissas mais complexas e interrogadoras, à semelhança da sua carreira inicial - "Memento" ainda é das melhores coisas que o cinema norte-americano nos deu na viragem dos séculos...

Num misto de 'Relatório Minoritário', 'Cubo' ou 'A Cela', a história deste novo filme que nos chegará pelo Verão assenta na ideia de que tudo pode acontecer dentro da arquitectura da mente. O mote? "Num mundo onde a tecnologia existe para entrar na mente humana através da invasão de sonhos, uma só ideia pode ser a mais perigosa arma ou a mais valiosa."

Sabe-se ainda que DiCaprio será Cobb, um especialista em tecnologia que vem acompanhado de uma equipa - os excelentes Ellen Page, Joseph Gordon-Levitt e Tom Hardy. Chega? Não, não chega. Há ainda os contributos Ken Watanabe, Marion Cotillard, Michael Caine, Lukas Haas e até de Tom Berenger.

Com um colossal orçamento de 200 milhões de dólares, INCEPTION pode ser o grande triunfador do Verão cinematográfico norte-americano. Espera-se é que não se perca no seu próprio labirinto narrativo...

13 de março de 2010

NA SALA ESCURA: Duas faces do melodrama

AVAREZA. «Não me mintas! O amor não quer nada comigo. Manda-me abaixo. O amor viola-me. Faz-me sentir que não valho nada.» PRECIOUS (Gabourey Sidibe)

A ideia da Academia de recuperar a velhinha tradição de ter dez nomeados para o Óscar de Melhor Filme pode ter soado a marketing, mas o que é certo é que se pôde ver filmes na linha da frente, que de outra forma nunca lá chegariam, não por falta de mérito próprio, mas pelas próprias noções inculcadas nos membros que escolhem os nomeados.

Apesar disso, tanto PRECIOUS como NAS NUVENS constariam certamente do leque de melhores filmes se a categoria se mantivesse só com cinco nomeados. A força dramática que os define, bem como o esforço para repensar o melodrama tornam ambos em excelentes exercícios do novo cinema norte-americano, mais próximo da matriz independente do que as fórmulas já gastas do típico blockbuster.

Comecemos pelo primeiro: trata-se de uma adaptação de um romance literário sofrido, uma história profundamente dramática, facilmente capaz de entrar no campo do sofrimento enjoativo. Pois bem: Lee Daniels conseguiu o frágil equilíbrio de traduzir as palavras amargas de Sapphire num belo conto triste.

A protagonista tem o mundo inteiro contra ela: obesa desmesurada, infeliz, analfabeta e com um filho deficiente resultante de uma violação do seu pai, a protagonista tem ainda de lidar com uma nova gravidez indesejada e com os tormentos físicos e psicológicos de uma mãe em estado de combustão permanente (interpretada magistralmente por Mo'Nique, justamente vencedora do Óscar de Melhor Actriz Secundária).

Mas quando se cai no fundo do poço só resta começar a tentar subir e é pelas palavras - a almejada poesia! - que Precious encontra algum conforto. Nisso e nos amigos. Seja a professora que lhe alimenta os sonhos, a um enfermeiro que a ajuda no parto, nas colegas de carteira ou numa funcionária da Segurança Social que quer descobrir o lado negro da personagem principal.

Além de uma contenção dramática impressionante, PRECIOUS reclama para si as linhas com que se cose o drama urbano, familiar e pessoal. Suportado por diálogos crus e bastante dolorosos, o filme tem uma estética bem conseguida, planos assombrosos e uma dinâmica autoral. É um filme com méritos próprios, que cresceu essencialmente do boca a boca.

Já NAS NUVENS, de Jason Reitman, pretende aproximar a comédia romântica com uma reflexão de contornos levemente dramáticos sobre os tempos modernos.

Numa época em que o trabalho já não é para sempre, o medo do despedimento serve de base para se conhecer a figura de fato aprumado e mala omnipresente na mão vivida por George Clooney. O seu trabalho é, precisamente, dar conta do fim do trabalho dos outros. Para tal, existe uma táctica discursiva que o protagonista domina como poucos. E uma vida passada em aeroportos.

É assim que se repensa a globalização, o pertencer a todo o lado e a lado nenhum. Tudo com a leveza das grandes histórias e simplicidade. Além de se questionar as relações humanas, questiona-se a noção de que viver sozinho é mais seguro do que acompanhado. Mas, por mais racional que se seja, o coração ainda consegue pregar partidas... Se Clooney é mais profundo do que a norma, Vera Farmiga e Anna Kendrick são o contraponto desejado. Em suma: um grande filme que aposta tudo na simplicidade. Outro equilíbrio difícil de alcançar. O melodrama está vivo, renovado e... recomenda-se.

PRECIOUS
De Lee Daniels (2009)
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Um minúsculo projecto produzido por Oprah Winfrey cresceu desmesuradamente e ainda bem. Baseado em factos reais, o filme é intenso, realista, profundo e cruel. Como cruéis são algumas vidas desavindas. O belo retrato humano deve muito à câmara de Lee Daniels, mas também a excelentes desempenhos: desde a estreante Gabourey Sidibe à monstruosa Mo'Nique, passando pelas breves presenças de Paula Patton e Mariah Carey. No fundo, é o que de melhor "um caso da vida" pode ser.


NAS NUVENS
De Jason Reitman (2009)
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O cinema de Jason Reitman já tinha impressionado com o simpático "Juno", mas aqui amadurece nas intenções e nos resultados. O homem que despede toda a gente e que gosta de viver sozinho, vai perceber que ainda pode ter surpresas afectivas. Tal como o espectador que aderir a este jogo de personagens muito bem elaborado. Cheio de boas ideias dramáticas e visuais, o filme tem ainda uma bela sequência inicial, com as vistas aéreas a assumirem um interessante lado expressionista e, por vezes, abstracto. A comédia quer-se inteligente assim!

12 de março de 2010

QUIZ: A que filme pertence esta imagem?

Chega o tempo do cinema de acção, até porque recentemente descobri um grande filme do género, "Busca Implacável", de Pierre Morel, com Liam Neeson a vingar-se de quem lhe raptou a filha. Este não é tão bom, mas entretém.

Solução do QUIZ anterior: Eram Todos Bons Rapazes, de Peter Berg (1998).

O MAIOR PECADO DE... Mariah Carey

PREGUIÇA. "Heroicamente mau." EMPIRE
Diz-se que há uma maldição quando um cantor decide enveredar pela carreira cinematográfica. É certo que Jennifer Lopez nunca foi grande espingarda, que Madonna é sofrível e muitas vezes má, que Whitney Houston foi xaroposa antes de se render às drogas, que 50 Cent não tem jeitinho nenhum, que Ice Cube falha muito mais do que acerta, que David Bowie não faz falta nenhuma a 'Terceiro Passo', que Jon Bon Jovi é um canastrão quando tenta fazer de herói romântico. Uff.... Até que chegamos a Mariah Carey e, na sua estreia desastrada como protagonista de GLITTER - O BRILHO DE UMA ESTRELA, temos um redondo falhanço.

Sabe-se que a estrela da voz poderosa e das acrobacias vocais, admiradora assumida das saias curtas mesmo quando as formas não o permitem, é uma grande rival de Eminem, mas devia ter aprendido alguma coisa com o seu ódio de estimação: a sua estreia em "8 Mile", quando tudo apontava para o fiasco, foi um interessante auto-retrato, sapientemente elaborado por um realizador com créditos firmados, como é Curtis Hanson.

Pois bem, esta espécie de musical orienta-se por clichés de drama romântico sem chama, sem diálogos que se aproveitem e com Mariah a disfarçar como pode a sua incapacidade para representar. Para complicar tudo, há uma estética alusiva aos anos 80 que não funciona, personagens fúteis, uma busca para encontrar uma mãe que nunca devia ser encontrada e uma infantilização de sentimentos que não se coaduna com a mulher que é aquela que mais discos vendeu em toda a década de 90.

Não está em causa o seu talento como voz - os momentos mais felizes do filme estão na actuação de 'Reflections' e no tema que surge nos créditos finais, 'Lead the Way' -, mas está tudo o resto. O filme é piroso, desastrado, incapaz até para aprofundar uma história de amor, até porque o actor Max Beesley é tão mau ou pior do que Mariah a querer fazer-se passar por adolescente com dúvidas.

No fim, temos um fiasco de todo o tamanho, que custou caro à cantora, que sofreu um esgotamento por estas alturas e demorou um par de anos a recuperar o seu estatuto de diva das baladas. É certo que Mariah Carey tem o seu lugar na música pop, mas não tem de certeza um lugar no cinema. O filme "Precious" reabilitou-a e já está a fazê-la sonhar com voos mais altos (consta que a estrela gostava de entrar num filme de Woody Allen...), mas o peso do gigantesco flop que foi GLITTER demorará a desaparecer.

Se tudo já não fosse suficientemente pobre, eis que a data de estreia do filme acabou por ser mais um tiro ao lado: chegou aos cinemas a 11 de Setembro de 2001. Um azar nunca vem só!

Críticas de fugir:
- DALLAS MORNING NEWS:
Carey de certeza que sabe cantar, mas de certeza que não sabe representar;
- ABOUT.COM:
É quase fisicamente desconfortável assistir aos desempenhos de 'Glitter'.
- AUSTIN CHRONICLE:
É mesmo verdade?
- CNN:
Escapismo total sem um pingo de verdade.
- PALO ALTO WEEKLY:
Mariah Carey devia ter tirado aulas de representação com Mark Wahlberg. A primeira lição é: começa por pensar pequeno.

9 de março de 2010

Filme do ano impróprio para cardíacos

CINEFILIA: As cinco promessas de Março










SOBERBA. Ainda sob o efeito das estreias apressadas a tempo dos Óscares, Março é um mês interessante em matéria de cinema de autor (mesmo de realizadores já com força comercial como Tim Burton ou Peter Jackson). Além disso, é também o mês do último filme de Heath Ledger, em "Parnassus - O Homem Que Queria Enganar o Diabo", de Terry Gilliam.

- ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS: Tim Burton volta a apropriar-se de uma história de tom onírico, conhecida de todos. A expectativa em torno deste gigantesco projecto, que representa a sua estreia no 3D, deve-se principalmente à sua capacidade em reinventar um imaginário. É o seu regresso à cumplicidade com Johnny Depp e à Disney. É o filme mais aguardado do ano, so far...

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VISTO DO CÉU: O que é feito de Peter Jackson desde "O Senhor dos Anéis"? A resposta chega agora: adaptação de um conhecido romance sobre uma jovem de 14 anos que é assassinada. Num outro plano, resta-lhe olhar de cima o que se passa com os seus entes queridos. É uma premissa arriscada, mais melosa do que se podia esperar de Jackson. Mas não é por isso que é menos interessante. Stanley Tucci chegou a ser nomeado para o Óscar de Actor Secundário.

- TONY MANERO: Cinema do mundo ainda consegue chegar às nossas salas... Trata-se de uma produção independente chilena, que aborda os tempos duros e melindrosos de Pinochet. Entre a comédia e o terror humano, é o relato de um serial killer que tem uma obsessão pela personagem de John Travolta em 'Saturday Night Fever'.

- ALMA PERDIDA: Cinema norte-americano mais pequeno (e por isso, geralmente, mais interessante), que representa o regresso ao protagonismo de Paul Giamatti. É certo que pouca gente deu por este trabalho, mas a forma como supostamente reflecte sobre a alma e a consciência, enquanto se seguem as deambulações de um actor, merece atenção. E, claro, Emily Watson também entra. Deve valer a pena.

- AS ERVAS DANINHAS: O filme europeu do mês é também o regresso de Alain Resnais. A premissa? Uma mala perdida e depois encontrada abre a porta à romântica aventura de um casal.

8 de março de 2010

Óscares: As surpresas vieram no fim

SOBERBA. "Este prémio é para os homens e mulheres que arriscam todos os dias a sua vida no cenário de guerra, seja no Iraque, no Afeganistão ou em outras partes do Mundo. Voltem em segurança." KATHRYN BIGELOW

Um filme de guerra mas com mensagem de paz: foi assim o serão deste domingo de Óscares, numa cerimónia praticamente sem surpresas, demasiado retalhada pelo medo da monotonia e com a química entre os anfitriões Steve Martin e Alec Baldwin a deixar muito a desejar. Surpresas, surpresas foi mesmo a imensa derrota de 'Avatar' e a consagração de 'Estado de Guerra'.

Com seis Óscares, este estimulante trabalho - que eleva o cinema de acção a um nível particularmente inventivo - permitiu, além de ser considerado Melhor Filme, a Kathryn Bigelow tornar-se a primeira mulher a vencer o Óscar de Melhor Realização. Uma justa consagração, para uma trabalhadora de há muitos anos, adepta de um cinema em nome próprio, musculado e cerebral.

'Estado de Guerra' é mesmo o ponto alto da carreira oscilante de Bigelow e merece agora o reconhecimento depois de uma passagem discreta pelas salas nacionais no ano passado. As deambulações de um trio de militares no Iraque, com a extrema função de desactivarem bombas instaladas pelos rebeldes da Al-Qaeda, são um misto caloroso de vigor e emoção em estado puro, com as belas sequências ritmadas devidamente contrabalançadas com um retrato denso dos seus protagonistas. Foram Óscares merecidos.

De resto, 'Avatar' de James Cameron ficou pelo caminho: venceu apenas três estatuetas douradas de relevo técnico, com particular ênfase para os Melhores Efeitos Especiais. Além disso, o realizador de 'Titanic' teve de se contentar em ser o alvo da chacota da noite: Ben Stiller meteu-se com ele, assim como o realizador do Melhor Filme Estrangeiro (o argentino 'El Secreto de Sus Ojos'), Juan José Campanella: “Quero agradecer à Academia por não entender Na'vi como uma língua estrangeira”, disse no seu discurso.

Outros premiados? Sandra Bullock foi a Melhor Actriz (por 'The Blind Side') e Jeff Bridges (por 'Crazy Heart', que recebeu ainda mais um prémio pela canção). 'Precious' ganhou dois Óscares (Melhor Actriz Secundária, Mo'Nique, e Argumento Adaptado) e 'Up-Altamente!' também (Melhor Banda Sonora e Filme de Animação). Já Christoph Waltz salvou 'Sacanas Sem Lei' de sair da gala com um prémio: o de Melhor Actor Secundário. Para o ano há mais. Espera-se que com uma cerimónia com mais sal...

2 de março de 2010

OS MEUS POSTERS: O Vigilante








































AVAREZA. Numa altura em que tanto se fala de escutas e nos seus efeitos perversos, lembrei-me de um filme maior de Coppola - e talvez um dos mais subavaliados. O VIGILANTE é não só um grande trabalho sobre a arte de ouvir e ser ouvido, como também é um inteligente retrato sobre o homem que está do lado de lá, a ouvir. Gene Hackman raramente foi tão longe como neste brilhante exercício sobre até onde se pode confiar naquilo que aparentemente é irrefutável. Será que a vigilância é o melhor caminho?