4 de junho de 2008

OS SETE PECADOS DE... Maio 2008

AVAREZA. A colecção de livros de cinema «Cahiers du Cinéma» que o jornal «Público» está a distribuir semanalmente tem permitido algumas descobertas até sobre os ícones com pouco de novo para revelar. Já se sabia que Chaplin não teve uma vida fácil, mas os inúmeros tropeções que a sua carreira teve - quase sempre causados pela instabilidade na vida real, nomeadamente o seu gosto por mulheres de tenra idade - não obnubilaram um génio. Aquele que redescobri em duas deliciosas curtas-metragens, «O Emigrante» e «À Beira Mar». Filmes anteriores à década de 20! Chaplin é imortal: a sua visão ainda hoje enternece.

GULA. Atenção: a moda dos DVD a preços baixos continua. Se, por um lado, o «DN» já distribuiu «Matador», «Ali» ou «Lua de Mel, Lua de Fel» pelo preço dos dois jornais ao fim-de-semana, o «Correio da Manhã» voltou a entrar na corrida e, às sextas-feiras, distribui filmes por mais 1,95 euros. A semana passada foi o engenhoso «O Senhor da Guerra». Segue-se o curioso «Infamous», sobre Truman Capote. A questão é: será assim tão rentável para os jornais o investimento? Resposta: não quero saber, desde que a colecção vá engrossando a preços nunca vistos. Qualquer dia ainda nos pagam...

SOBERBA. Indiana Jones está vivo e de boa saúde em nome do cinema de aventuras revivalista e mais revitalizado do que se esperava. «Indiana Jones e a Caveira de Cristal» é divertimento puro, «à antiga», ainda que a espaços tonto. No fundo, o que importa é que Harrison Ford e Spielberg ainda sabem como dar a volta ao espectador sem trair a saga original. Isso chega.

IRA. A morte de Sydney Pollack embaraçou o cinema comercial. Porquê? Porque mostrou que este dificilmente será o mesmo sem a ousadia e o olhar inteligente do realizador de «África Minha». O que nos deixou Pollack? Um legado de boas memórias e uma forma íntegra de agenciar as imagens. Em Maio, o cinema ficou ainda sem Harvey Korman e, por isso, mais triste.

LUXÚRIA. Na maré de «biopics» que tem inundado Hollywood, parece que a história do criador de «Playboy» vai dar um filme. Hugh Hefner já veio dizer que quer Robert Downey Jr. a fazer de si no grande ecrã. Escolha acertada, não parece?

INVEJA. Depois de muitas polémicas, a Feira do Livro lá abriu as portas. Passei por lá numa noite e é bom ver como a Cinemateca mantém a sua banca. Boa oportunidade para vender catálogos antigos. Há coisas memoráveis por aqui...

PREGUIÇA. Pode parecer que custa ir ao cinema ver fitas românticas como «Vestida Para Casar». Não custa nada, na verdade. E isso também não é obrigatoriamente bom. Contudo, depois de um dia de intenso trabalho, a mente agradece a falta de estímulos exacerbados. O cinema também pode somente distrair.

Sem comentários: