3 de abril de 2007

BOCAS: A imagem de um génio que reinventou o som

GULA. Já aqui, há algumas semanas, desloquei o âmbito cinéfilo deste modesto espaço, para dar conta de um grande disco que tinha o pretexto de vir acompanhado de um filme que ainda não chegou até nós... IDLEWILD dos Outkast, e não podia ser outra coisa... Ou melhor, podia com a revigorante surpresa do último disco de Timbaland, SHOCK VALUE. Comprei-o há pouco e ainda não consigo desligar-me dele por um instante, graças às batidas vigorosas, ao som áspero que transcende o hip-hop convencional e o transporta para uma sonoridade plástica envolvente, feita de sintetizadores poderosos, inventividade nas palavras e uma imagética noção de ritmo. E não é por acaso que Timbaland tem dado mais do que falar nos últimos tempos ao resgatar as carreiras de artistas como Nelly Furtado e Justin Timberlake (que acedem a participar neste viciante disco) e transformando-as em êxitos de revigorante «dance» estilizada e e cosmopolita. Este produtor norte-americano sabe todos os ingredientes do ritmo e consegue colocar-se no seu lugar, ou seja, apesar do disco ser em nome próprio são muitos os convidados de excepção que fazem de SHOCK VALUE uma das mais interessantes mesclas sonoroas dos últimos tempos - além de Timberlake e Furtado, passam por lá 50 Cent, Missy Elliott e... Elton John (!). Agora resta esperar pelo trabalho que Timbaland está a construir para Björk, talvez o ponto mais alto entre dois «inventores» de uma hipótese de música «alternativa-pop» (se é que tal categoria existe, neste universo de subversão rítmica) para o século XXI. Apesar de ser músico, Timbaland é um criador de imagens sonoras e o seu lugar neste espaço de pecado será sempre de eleição. Keep going Mr. Timbaland!

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