30 de setembro de 2007

O MAIOR PECADO DE... Julie Delpy








PREGUIÇA
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«A acção é preguiçosa e previsível, e os lobisomens digitais parecem terrivelmente pirosos.» CHRISTOPHER Null in Filmcritic.com

Se há algo que define a carreira de Julie Delpy é a sua inconstância e o gosto por abraçar projectos marginais. Numa carreira catapultada na superior trilogia «Três Cores», dedicada a França pela mão de Krzysztof Kieslowski, foi com o díptico romântico «Antes do Amanhecer/Antes do Anoitecer» que se tornou ídolo adolescente.

Pelo meio, entrou em alguns telefilmes que hoje desdenharia certamente, juntou-se a Linklater novamente para uma curta cena no brilhante mosaico animado «Waking Life», passou brevemente pela série «E.R - Serviço de Urgência» e... fez UM LOBISOMEM AMERICANO EM PARIS.

Que dizer deste conto de terror com estrutura de filme juvenil sem neurónios, mas que quer parecer uma louca jornada europeia? Só se pode dizer mal
porque este filme não se quer levar a sério, usa e abusa dos efeitos digitais para dar vida aos lobisomens da história e não tem um pingo de sensibilidade.

O que faz Julie Delpy por aqui? Deve estar a pagar as prestações da casa, é a única explicação. A sua personagem é sumida e caricatural, a francesinha ingénua que sabe de mais da estranha epidemia de lobisomens que assolam as entranhas de Paris.

À frente do elenco está ainda o tonto Tom Everett Scott, uma daquelas jovens promessas do cinema comercial que, após este e mais alguns desaires, ficou pelo caminho...

UM LOBISOMEM AMERICANO EM PARIS foi uma tentativa de Delpy mostrar que também podia ser heroína de pseudofilmes de terror, decalcados para o público adolescente que consome tanto destas obras quanto baldes de picocas. Às tantas, o filme é tão desconexo e agitado, que roça o kitsch em algumas sequências e consome o olhar. Mas, rapidamente, o realizador Anthony Waller atira mais uma sequência mal filmada para nos dizer «Hey, não sei mesmo o que estou a fazer. Estou a gastar dinheiro, a divertir-me com banhos de sangue e... é só!»

OK, lição assimilada. Por nós, porque Delpy às vezes lá dá um passo em falso numa carreira que já experimentou de tudo (vi recentemente o filme sobrenatural «The Legend of Lucy Keyes» e... tive arrepios, não de medo mas de embaraço...). Nós mesmo assim, continuamos a gostar do seu ar de menina impetuosa. E percebemos que toda a gente tem de pagar as suas contas.

CRÍTICAS DE FUGIR:
- CINEMA EM CENA: O terror cede lugar ao pastelão.
- CHICAGO SUN-TIMES: Eis um caso de pessoas das quais não queremos saber, a fazer coisas que não entendem, num filme sem regras. Um caso de «triple play».
- THE NEW YORK TIMES: Uma comédia juvenil de terror mal interpretada e demasiado frenética na sua montagem para poder construir algum «suspense».
- USA TODAY: A animação por computador dos monstros gera todos os efeitos, menos o de meter medo.

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