14 de agosto de 2007

NA SALA ESCURA: Quem dobrou os Simpsons?

INVEJA. «Não acredito que estou a pagar algo que podia ver de graça na televisão!» HOMER SIMPSON sobre o «Hitchy and Scratchy Movie» que inicia o filme.
Quem ousou fazer uma dobragem da primeira longa-metragem dos Simpsons? Desculpem-me entrar logo assim a matar, mas é que fiquei estarrecido quando vi Homer Simpson a falar em português no trailer deste filme que... não é para crianças. Repito: Não é para crianças!! Quem ainda hoje confunde a animação de Matt Groening com os filmes animados da Pixar e afins é porque nunca perdeu mais do que cinco minutos a ver um episódio de uma das mais importantes séries animadas de todos os tempos. Ela que até já fez 18 anos de exibição!! As crianças que vão ao engano devem ignorar muita coisa, mas se há algo que define Springfield e os seus idiossincráticos habitantes é que eles são politicamente incorrectos. É por isso que se vê no filme Bart a embebedar-se, Homer a fazer uma alusão à masturbação ou haver algumas referências a armas de destruição maciça. As piadas fazem sentido no cômputo geral do filme, mas ver crianças na plateia a rirem-se sem perceberem 80% do que se lhes passa à frente no ecrã revolta. Fora isso, o filme dirigido por David Silverman é um bálsamo, um último esforço para revitalizar a série e actualizá-la, mostrar o que vale junto do público. O que é certo é que a animação (tradicional, sim, ou não fosse essa uma imagem forte da saga) é um dos maiores sucessos do Verão e não desvirtua nem um pouco o sentido original da série televisiva. Os Simpsons é mesmo aquele divertimento que nos acompanha há anos e anos e que não queremos que acabe nunca. Pelo que, dado o sucesso artístico e de bilheteira deste filme, só resta uma pergunta: no meio de tanta sequela desinteressante, para quando a continuação dos Simpsons no grande ecrã?


OS SIMPSONS - O FILME
De David Silverman (2007)
* * * *

Já não era sem tempo. Se este filme tem um defeito é por que é que nunca tinha sido feito antes. Senão vejamos: a história da cidade de Springfield à beira do colapso ambiental é arrojada, as personagens não se descolam do que conhecemos na série, o filme homenageia os trejeitos de todas elas (só é pena não ter explorado mais o cinismo de Mr. Burns...), as piadas sucedem-se a um ritmo e com uma relevância difícil de encontrar no grande ecrã e... o tempo passa a correr. Com tudo no sítio certo e uma trama semi-apocalíptica (não é nesse clima que vivemos hoje em dia, assim que se abre a página de um jornal?), o filme é já um marco e, certamente, um dos filmes de 2007. Matt Groening sabe o que faz. Ou não estivesse a sua série há 18 anos com exibição ininterrupta.

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