13 de maio de 2008

Do céu caiu uma estrela há cem anos







INVEJA.
«Sou James Stewart a fazer de James Stewart. Não podia falhar com as minhas caracterizações. Interpreto variações de mim mesmo.» JAMES STEWART

Acreditava que o público era o seu maior crítico e se este não correspondesse a um desempenho seu, ele mesmo o desdenhava. Sobre o seu estilo, para o qual nunca contribuiu nenhum curso de arte dramática, dizia que não reflectia uma actuação, mas sim uma reacção.

Então, qual o motivo para a reverência em torno de uma das mais sólidas carreiras de Hollywood, ainda hoje admiradas em igual dose tanto nos melodramas românticos e nas intrigas de suspense como nas jornadas maiores do que a vida, que definem as aventuras do Velho Oeste?

James Stewart é o mais clássico dos galãs, de ar aprumado, cordial no trato e no modo de falar que, acima de tudo, ajudou a mostrar que existe humanidade no cinema
.

Quando se comemoram cem anos do seu nascimento (mais precisamente a 20 de Maio em Indiana, na Pensilvânia), é altura de rever uma carreira que surgiu já depois de um curso de arquitectura e muito trabalho nos palcos da Broadway durante a década de 30. De seu nome completo, James Mia Maitland Stewart, acabaria por chegar discretamente ao cinema por via de um filme negro, Murder Man. Estava dado o mote para uma coesa carreira, definitivamente marcada por três géneros, talvez os mais importantes no horizonte criativo do grande ecrã.

Pela mão de Frank Capra explorou como poucos o melodrama sensível, tornando-se lendários os seus desempenhos em Do Céu Caiu uma Estrela ou Peço a Palavra. Já com Alfred Hitchcock conheceu todos os ingredientes do thriller psicológico, seja a testemunhar crimes preso a uma cadeira de rodas em Janela Indiscreta ou à procura do filho numa sinuosa Marraquexe em O Homem Que Sabia Demais.

Por fim, com Anthony Mann, deu vida a heróis sofridos que dão o tudo por tudo em nome da justiça, em obras memoráveis como A História de Glenn Miller ou O Homem Que Veio de Longe. Pelo meio, e com a elegância de sempre, veio a comédia romântica e o Óscar de Melhor Actor em Casamento Escandaloso, além de outras colaborações com cineastas do calibre de John Ford, Billy Wilder, Robert Aldrich ou Otto Preminger.

O que é certo é que James Stewart deixou a sua marca de «homem simples» dentro e fora do ecrã, desviando-se das polémicas, evitando falar sobre a sua participação na guerra, casando-se uma só vez. A imagem que fica quando se celebra este justo centenário? A de um homem de valor, que insistiu em usar sempre o mesmo chapéu nos muitos westerns que protagonizou...

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