7 de abril de 2009

Os sete pecados de... Março 2009

IRA. Numa incursão insistente pelo género western deparei-me com um interessante filme em que a personagem determinante de toda a história é... uma arma. WINCHESTER '73 respira clássico por todos os poros e, além de uma realização dinâmica de Anthony Mann, há ainda planos ousados para o género do Velho Oeste e uma interpretação de James Stewart mais aguerrida do que o previsto. Nesta jornada pela posse da tal arma, há muitos que ficam pelo caminho. Mas no meio dos resistentes há uma mulher: a extraordinária Shelley Winters. Era bom que todos os filmes fossem assim: reactivos e muito interessados em reflectir sobre valores, sem com isso descurar a força artística que deve fazer mover um filme.

SOBERBA. Em cada ida ao videoclube, uma nova constatação de que devia ir mais vezes ao cinema... O que ficou por ver no grande ecrã? «Nós Controlamos a Noite», a interessantíssima obra de James Gray, que insiste em querer parecer-se com Scorsese ou Coppola, na forma como se deixa embrenhar no mundo do crime. Pois bem, a história está muito bem contada, tem as reviravoltas que se lhe pedia e duas interpretações estrondosas, tanto de Joaquin Phoenix como de Mark Wahlberg. Depois o cuidado no tratamento das imagens é profundo e há aqui uma mística muito pouco presente no moderno cinema norte-americano. Uma boa surpresa. Carregada de intensidade!

PREGUIÇA. No outro dia alguém me disse: os DVD piratas são melhores do que os originais. Pelo menos, não temos aqueles irritantes e obrigatórios vídeos a alertarem para o facto de nunca se roubar a carteira de quem está ao lado. É um pouco paradoxal, não? As cópias estão livres disso enquanto que quem paga do seu bolso por um DVD tem de aturar a lição toda... «O download é um crime». Sim, tudo bem. Mas parece que quem paga mais as favas é quem não o faz.

GULA. A moda dos DVD com jornal continua. Parece que «Expresso» e «Visão» se articularam para distribuir grande parte dos títulos de Almodóvar. Boa ideia! Até porque as edições a distribuir são cuidadas e apresentam capas muito bonitas.

AVAREZA. Sabemos que os multiplexes vieram para ficar e os cinema mais pequenos... estão a esforçar-se por sobreviver. Mas, ainda assim, convém ter algum cuidado. Poupar a todo o custo pode levar ao descontentamento do cliente: no outro dia fui ao Fonte Nova, cinema que prezo muito, mas quase tive de suplicar para me venderem um bilhete. Não estava ninguém na cabine. Tive de esperar cinco longos minutos para ser atendido... já na sala, as luzes demoraram uma eternidade a apagar e, no final, nem chegaram a acender já depois dos créditos terem terminado. Resultado? Foi uma saída às apalpadelas.

LUXÚRIA. Foi a desilusão do mês: o triângulo formado por Gwyneth Paltrow, Martin Freeman e Penélope Cruz prometia muito em «O Sonho Comanda a Vida», mas desemboca numa reflexão atabalhoada sobre o poder dos sonhos. Há um superficialismo bacoco no olhar desencantado da personagem de Freeman e Cruz não faz mais do que querer parecer uma musa de poucas falas. Já Paltrow safa-se às ordens do irmão, mas não chega para evitar o bocejo.

INVEJA. Diz-se que Zack Snyder fez um óptimo trabalho na aproximação do cinema à BD de «Watchmen». Os aplausos parecem ser mais que muitos. E eu que não arranjei um tempinho para o ver em sala...

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