20 de maio de 2009

O MAIOR PECADO DE... Walter Salles












PREGUIÇA. «O estimado realizador brasileiro Walter Salles cai de frente na sua primeira saída por Hollywood com um filme de terror que aborrece até às lágrimas» COLESMITHEY.COM

Ninguém entende o que se terá passado pela cabeça de um dos mais inteligentes e criativos realizadores do novo cinema brasileiro. À primeira tentativa para impressionar Hollywood, um espalhanço de todo o tamanho. Houve até quem receasse que os créditos ganhos com obras tocantes como «Central do Brasil» ou «Diários de Motocicleta» pudessem ficar comprometidos.

Mas não: Walter Salles viu-se obrigado a repensar a carreira e regressou ao território seguro do Brasil de contrastes para produzir o valioso «Linha de Passe». O que se passou mal com ÁGUAS PASSADAS? Tudo, ou quase.

É certo que há uma tentativa por criar uma atmosfera de terror e há ainda o peso pesado que é Jennifer Connelly e os seus olhos claros. De resto, apenas uma nova versão de um filme de terror oriental, igual a tantos outros.

A moda de repescar obras negras asiáticas e dar-lhe um tom de Hollywood, raramente corre bem - OK, há uma excepção de peso: «Entre Inimigos» de Scorsese, mas isso só confirma a regra.

Uma mãe tenta refazer a sua vida depois de um divórcio. Mas há estranhos fenómenos a acontecer na nova casa... Pois, a premissa também não ajuda.

Sabe-se inclusivamente que o próprio Walter Salles não apreciou o resultado final e queixou-se que os produtores lhe adulteraram a montagem final. Pode até dar-se o benefício da dúvida. De resto, é apenas um filme que quer meter medo e não consegue.

Tem um bom tratamento de imagem, alguns planos inventivos, um elenco secundário que não compromete (John C. Reilly, Tim Roth, Pete Postlethwaite). Mas tem também uma vontade forçada de chegar ao seu término, que quer ser surpreendente, e muitos pontos fracos. A «retalhada» na montagem deve ter sido mesmo grande, porque não se vislumbra o dedo criativo do realizador brasileiro...

Críticas de fugir:
- JOÃO LOPES:
A estrutura vai-se decompondo em fáceis mecanismos de «suspense», como se se tratasse apenas de «adiar», por qualquer preço, o desenlace.
- MTV: ÁGUAS PASSADAS afunda-se no peso da sua até cómica previsibilidade.
- BBC: É um falhanço enquanto filme de terror.
- VILLAGE VOICE: Falha na tentativa de criar o efeito-surpresa do twist narrativo que a sua base permitia.

Sem comentários: