27 de fevereiro de 2010

OS SETE PECADOS DE... Fevereiro 2010

IRA. Neste mês de regresso a SIN CINEMA houve um pecado maior de todos: ver ANTICRISTO, o último abismo visual de Lars von Trier. Já nos habituámos ao estilo violento, cru e misógino, mas sempre se retira alguma mensagem das suas histórias. Neste último caso, há dificuldade em dizer se se gostou do filme. Plasticamente belo, tem boas interpretações mas a vontade da transgressão vai longe de mais. A tortura esvazia por completo o casal protagonista e gera a dúvida sobre as motivações de von Trier, que diz ter feito este filme para curar uma depressão. O que é certo é que se von Trier não fosse realizador de cinema, seria certamente um psicopata!

SOBERBA. Na minha vontade de (re)descobrir westerns eis que me confronto com 'O Ouro de McKenna', grande aventura de um naipe de personagens atrás de um mítico desfiladeiro de ouro. Há emoção, grandes reviravoltas e uma dinâmica que não quer nada com a monotonia. O xerife de Gregory Peck e o vilão Colorado de Omar Shariff são outros pratos fortes. Depois, há belas imagens do deserto, mas este projecto ousa demasiado nos efeitos especiais: a montagem de algumas cenas a cavalo é trapalhona e o tremor de terra final feito com muito pouco jeito. A esta distância já se consegue perceber como se evoluiu na vontade de ser verosímil.

GULA. Já cheira a Óscares e ainda bem. Este ano a colheita é variada e mais sumarenta do que a norma. Se 'Avatar' se arrisca a dar cabo da concorrência, por outro lado seria bom a ex-mulher de James Cameron, Kathryn Bigelow, conseguir levar a melhor com 'Estado de Guerra'. O que ainda falta ver dos principais nomeados: 'Nas Nuvens', 'Precious', 'Uma Educação' ou 'District 9'. O tempo não dá para tudo...

INVEJA.
É discreto e muito bem localizado e inclui um cartaz que foge à lógica do blockbuster tradicional e lembra até a selecção de um estimável Quarteto. Descobri na semana passada o Cinema City Alvalade. Parece mais próximo da vontade de recuperar o cinema de bairro e tem bastante bom gosto na decoração. Com salas mais pequenas, parece querer assumir-se como uma boa alternativa ao King.

AVAREZA. O Fantasporto já começou mas quase ninguém deu por ele... De quem é a culpa? Mário Dorminsky queixa-se da falta de apoios e ameaça retirar o festival da cidade que o viu nascer. Será que ainda vamos ter um Fantaslisboa? Espera-se que não e, por outro lado, que a prometida colecção de DVD com os melhores filmes do historial do festival sempre se concretize.

PREGUIÇA. Não tenho nenhuma vontade em ir ver 'A Bela e o Paparazzo', de António-Pedro Vasconcelos. Admiro o realizador, a sua carreira, mas confesso que nada do seu novo projecto me atrai ao ponto de me fazer ir à sala escura. Vi o trailer, o Nuno Markl, a sátira aos famosos, a Soraia Chaves a querer parecer diferente da sua personagem do interessante 'Call Girl' e... esperarei pelo DVD.

LUXÚRIA. O caso da traição do mês vai para a bela e talentosa Evan Rachel Wood, que decide trair a personagem de Larry David em 'Tudo Pode Dar Certo'. Woody Allen não só nos desvia a atenção da dupla protagonista de modo inteligente como ainda vai mais longe: repete a ideia de um 'menage a trois' com a personagem vivida por Patricia Clarkson, depois de ter gostado da fórmula com 'Vicky Cristina Barcelona'.

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