6 de julho de 2007

NA SALA ESCURA: Uma fábula vezes três

GULA. «Bem, não seria inadequado presumir que não sei exactamente dizer onde Shrek está, dado que isso é só parcialmente incorrecto.» PINÓQUIO in Shrek, o Terceiro


Depois da moda dos remakes, a última vaga de Hollywood são, além das adaptações de heróis de Banda Desenhada, as imensas sequelas. Tivemos trilogia de O PIRATA DAS CARAÍBAS, duas IDADES DO GELO (para já...), quatro DIE HARD, parece que INDIANA JONES também vai regressar e... claro, como «mina de ouro das bilheteiras» que é, o ogre Shrek viu a sua terceira parte chegar aos cinemas com a promessa de que a quarta irá chegar em 2010. Faz tudo parte das regras do jogo, até porque sabe bem ver a evolução prodigiosa das técnicas de animação digital na animação, bem como conhecer mais detalhes sobre o rumo de um punhado de personagens que vai buscar a sua inspiração às fábulas infantis. E é neste ponto que está a mais-valia de SHREK, O TERCEIRO. É que, embora este seja o capítulo menos impressionante em matéria dramática da saga, e já com o rumo das personagens centrais definido, há que abrir novas fronteiras humorísticas e ir buscar nuances ficcionais do enorme manancial nos contos infantis. É por isso que Pinóquio aparece mais vezes e ganha mesmo o momento mais cómico de todo o filme ao contornar os vilões com o seu atabalhoado discurso para não mentir. É por isso também que o biscoito de gengibre vê a sua vida andar para trás numa rápida e irresistível sequência de imagens. É também por isso que Rapunzel, Branca de Neve, Merlin ou até a Bela Adormecida (com os seus divertidos ataques de narcolepsia) ganham destaque. SHREK, O TERCEIRO é um imenso manancial de referências ficcionais, com uma dinâmica bem gerida e que consegue superar o desgaste dos protagonistas. Mesmo o Burro continua a conseguir manter a sua personagem à tona, mesmo que a história em si já não prenda a atenção. Mas também para quê tamanho investimento? O dinheiro das bilheteiras é sempre garantido. E este filme ainda é a proposta mais consistente para toda a família nos dias de Verão.


SHREK, O TERCEIRO
de Chris Miller (2007)

* * *
Vira o disco e toca o mesmo? É verdade que Shrek já não pode evoluir muito, nem Fiona, nem o Burro ou mesmo Gato das Botas. Contudo, os argumentistas desta terceira aventura são espertos que nem um alho e criam um dilema monárquico que obriga os heróis a debruçarem-se em mais uma longa jornada para descobrirem um novo herdeiro. A personagem de Justin Timberlake é desinteressante, mas o mesmo não se pode dizer do naipe de secundários resgatados dos contos infantis. A dinâmica é imbatível e ainda se consegue rir a bom rir de um par considerável de piadas. Aguarda-se o quarto capítulo. Mas sem grande expectativa. Não seria melhor parar? Não, até porque há contas a pagar...

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