31 de agosto de 2006

Pausa para Marrocos

Finalmente, a pausa está a chegar. Aquela há muito aguardada, que esteve até para não vir, mas que se impõe como necessário momento de, à semelhança de um interruptor, estar desligado nem que seja por nove dias. Desta vez, as férias serão em território novo, num ponto de confluência entre África e Europa, com mercados apinhados de gente, paisagens de tonalidades quentes, regateios e passeios demorados. Marrocos é, por isso, o espaço de descompressão e de descoberta, numa sinestesia que se espera devolva a energia que, de momento, parece escassear. Por esta razão, o SIN CINEMA conhece a sua primeira pausa ao fim de dois primeiros meses de actividade intensa, com o teste de fórmulas cinéfilas com algumas (ainda poucas) visitas regulares. Aos amigos que me têm apoiado com mensagens, críticas e elogios, o meu obrigado. Prometo regressar em força, até porque o cinema continua a ser aquele lado bom do dia-a-dia que permite uma submersão por duas horas. Aquela que eu vou agora à procura por nove dias, ao vivo e a cores. Bons filmes e bons pecados!

Pecado do Dia: Preguiça

É o que se pede neste curto período de férias, apesar de, em território novo, pouco dar para descansar com a vontade de ir à procura do mundo que se desconhece. Marrocos é uma terra fértil, até como cenário para bons filmes. Que dizer do remake que Alfred Hitchcock dirigiu em 1956 de um filme seu (ainda no período britânico da sua carreira), O Homem Que Sabia Demais? Inicia-se com James Stewart e Doris Day a passearem-se por Marraquexe, num mercado agitado por comércio de rua, onde se dá um misterioso crime. Neste caso, Marrocos é apenas uma encenação prolífica para uma deliciosa conspiração que só o génio de Hitchcock conseguia concretizar, mas dá uma clara noção da multiplicidade de estilos, cores e dispersões culturais que atravessam Marrocos. Atente-se na cena da viagem de autocarro e na sequência passada num restaurante marroquino em que o casal protagonista adensa as suas suspeitas de que o desaparecimento do filho é apenas a ponta de um longo novelo. O Homem Que Sabia Demais é um dos clássicos mais exuberantes de Hitchcock, criado com meios de encher o olho, uma belíssima fotografia (que assenta como uma luva no exotismo de Marraquexe, onde decorre toda a primeira parte) e um final célebre que envolve um crime e uma orquestra - numa brilhante simbiose de som e imagem. Depois, há ainda o tema Que Sera, Sera, cantado por Doris Day e que acabaria por vencer o Óscar de Melhor Canção em 1956. Este clássico, que passa em Setembro no ciclo "Hitchcock na Esplanada" da Cinemateca, não é talvez a referência mais óbvia quando se pensa em Marrocos no cinema. Na verdade, we always have Casablanca... * * * *

1 comentário:

emot disse...

Boas férias. Quando chegares vai ver o Volver. Também aconselho o Animal, por curiosidade e para ver o desempenho do Diogo Infante, e ainda o The Big White!
Abraço e boas experiências nas arábias africanas.