17 de julho de 2006

Onde pára o romantismo em Hollywood?

Já há algum tempo que se tem dificuldade em encontrar nas salas de cinema uma comédia romântica vinda de um grande estúdio, capaz de fugir às fórmulas episódicas das habituais "sitcoms" televisivas ou que fuja ao humor escatológico introduzido (com êxito) por Doidos Por Mary. Será que já não faz sentido o romantismo cinematográfico no século XXI? Ou será que a crise de valores cada vez dá menos importância à envolvência emocional? O já referido Eu e Tu e Todos os Que Conhecemos escapa a esta crise, mas joga noutra "liga", a do filme experimental, esse sim de boa saúde... Confesso que hesito sempre em ir ao cinema, gastar os meus cinco euros para ver os actores do costume - Ben Stiller, Meg Ryan, Hugh Grant ou Sandra Bullock - às avessas com assuntos do coração (para isso, ligo um dos quatro canais ao sábado ou domingo à tarde... e de graça). Mas, como tenho uma irmã na idade "Morangos com Açúcar", lá a levei a ver a última comédia da moda: Separados de Fresco, com Vince Vaughn e uma Jennifer Aniston a querer provar que há vida para lá de Brad Pitt. Resultado: apesar da boa prestação de Vaughn e de uma boa premissa (começar um filme quando os outros costumam terminar, ou seja, desmistificando o "viveram felizes para sempre"), aumentou as minhas suspeitas de que o romantismo é demasiado esquematizado em Hollywood e que as relações de hoje no grande ecrã já pouco trazem algo de estimulante. Há sempre o DVD de Um Amor Inevitável lá por casa para matar saudades...

Pecado do Dia: Preguiça

É esse o defeito de Separados de Fresco e da grande maioria das comédias românticas cosmopolitas: uma enorme carência de ideias. Apesar do "à vontade" de Vince Vaughn neste tipo de papéis e de uma ou outra cena hilariante (a sequência do jantar de família cumpre muito bem os seus objectivos), este filme de Peyton Reed, que foi um dos êxitos-surpresa do Verão nas bilheteiras norte-americanas, vê-se com a facilidade de quem vê um episódio de "Friends", mas sai-se da sala com a sensação de que se poderia ter ido muito mais longe... Afinal, numa época de tantas mudanças e transformações, nem sempre é fácil entender a complexidade das relações afectivas. Mas aligeirá-las até ao limite será a melhor opção? * *

1 comentário:

Mia disse...

Meu querido RPV,
És, em toda a blogosfera, a única pessoa que escreve a palavra "escatológico" num post sem parecer pretencioso. LOL
(sim, é um elogio!)
E lá terá que ser, num domingo escaldante, em vez das filas para a praia, lá vou eu ver esta comédia romântica com ar condicionado e pipoca!