19 de março de 2008

O cinema insiste em ficar mais pobre







SOBERBA.
«Existem heróis, mas as suas motivações nunca são heróicas.» ANTHONY MINGHELLA

Se o cinema fosse um tabuleiro de xadrez, o realizador Anthony Minghella seria um bispo. Não só pela sua presença discreta, como pela tonalidade clássica da sua obra. Além disso, era um cineasta altamente competente, absolutamente crente na sua forma de fazer cinema e eficaz no modo de captar emoções.

Não se movimentava em linha recta, mas preferia conduzir a carreira pacientemente, fazendo-se notar sempre que um novo filme chegava às salas.

O cinema insiste em ficar mais pobre e, neste caso, perde em histórias bem dirigidas, quase sempre marcadas por um sopro romântico que já pouco se coadunava com o nosso tempo
.

Talvez fosse algo conservador, mas no melhor que o termo pode oferecer. Quem se recorda das belas imagens de «O Paciente Inglês», da comédia de afectos de «Um Fantasma do Coração» ou da jornada de contornos épicos de «Cold Mountain» sabe o que o britânico Anthony Minghella podia dar ao cinema comercial, elevando-o à sua condição de quase transcendência.

Não era um realizador ambicioso, transfigurador do que já existe. Não. O seu cinema era moldado por uma certa nostalgia visual e, por isso, dificilmente será esquecido.