20 de março de 2008

A Páscoa ainda é o que era








SOBERBA.
«Um adulto conhece o mundo em que vive. Neste momento, esse mundo é Roma.» Pontius Pilate (Frank Thring in BEN-HUR)
O cenário repete-se: em período de Páscoa nada como preencher as tardes televisivas com épicos grandiosos que nos ajudam a entender a mensagem cristã.

Este ano não há nenhuma «A Paixão de Cristo» nos cinemas e apenas podemos recordar a polémica no canal MOV, esta sexta-feira a partir das 22h30. O que é certo é que a obra de Mel Gibson teve o mérito de colocar o mundo a discutir-se enquanto crente, olhando de uma forma comprometida para um filme que pode não ter grandes méritos cinematográficos (apesar da boa fotografia e dos desempenhos aceitáveis), mas que «mexeu» um pouco com convicções.

Desde aí, o cinema de pendor religioso tem estado retraído, talvez porque os grandes estúdios receiem cada vez mais que religião não vende... - algo que Mel Gibson soube sabiamente contrariar.

O que é certo é que em cada Páscoa regressam à tona os mesmos filmes, o mesmo sentido do cinema comercial grandioso, mas um cinema que já não existe. Feito de cenários que hoje seriam rapidamente substituídos por píxeis, orçamentos de outro mundo e durações impensáveis...

Ainda assim, já há saudades de rever BEN-HUR, talvez o maior e mais perfeito clássico desta época
, que a RTP1 repesca para a matiné de domingo.

A jornada de vingança de Judah Ben-Hur (saudoso Charlton Heston) já todos conhecemos de cor, as competições na arena também, os prémios acumulados «idem idem aspas aspas» (recebeu 11 Óscares, tantos apenas como «Titanic» e «O Senhor dos Anéis: O Regresso do Rei»). E depois? É sempre revigorante testemunhar o músculo do cinema para encenar um espectáculo em larga escala.