2 de março de 2008

OS SETE PECADOS DE... Fevereiro 2008








AVAREZA.
Quando se pensa que já se viu tudo, o cinema francês ainda consegue pregar algumas partidas. A descoberta em DVD deste mês foi AMOR SUSPEITO, título português inapropriado para «La Moustache», um estranho caso de esquizofrenia espoletada após um mero corte de bigode. No entanto, a acção delineada por Emmanuel Carrère não é convencional e após as primeiras linhas de paranóia realista, rapidamente desemboca na alucinação com direito a uma incursão pelo Oriente...


INVEJA. A cerimónia dos Óscares foi célere e até mais sólida do que é costume. Senão repare-se: o filme mais académico, o interessante e xaroposo «Expiação», saiu quase de mãos a abanar, deu-se finalmente o Óscar aos Irmãos Coen e os prémios de interpretação somente a actores europeus. Curioso ter premiado «Ultimato» nas categorias técnicas. Enfim, até Jon Stewart coube bem na fotografia, não escondendo as piadas políticas e gozando com a nova condição americana: afinal, além do sangrento «Sweeney Todd», os principais nomeados mostraram Javier Bardem versão «Exterminador Implacável», um melodrama «Expiação» e até um épico «Haverá Sangue». A América parece não hesitar em «mostrar as entranhas»...

GULA. Os DVD continuam a grande altura. Porém, a nova colecção do «Público» tem a sua mais-valia nos livros, 25 excelentes obras que ajudam a perceber por que é que Spielberg já não faz filmes apenas para a criança dentro de nós ou tudo (mas mesmo tudo!) o que Scorsese penou para a Academia se lembrar de lhe dar o Óscar em vida... e não cometer o mesmo erro que fez com Chaplin (agraciado apenas com um prémio honorário) ou com Hitchcock (este ficou mesmo de mãos a abanar...).

PREGUIÇA. Quando o trabalho não abranda de ritmo, o primeiro a ressentir-se é o SIN CINEMA. Por isso, a pausa. Mas a vontade de voltar a escrever foi crescendo. À mesma velocidade com que as estreias de cinema se vão multiplicando nas salas. Alguém consegue acompanhar o ritmo?

IRA. Se James Cameron é um cineasta como Truffaut ou Hitchcock, reconheço que pode ser discutível, mas que o mesmo é de primeira linha em matéria de espectáculo em larga escala, disso tenho a certeza. Foi por isso que me deliciei a rever «A Verdade da Mentira», aquele histriónico filme em que Schwarzenegger faz de espião, dança tango, assiste a uma dança erótica de Jamie Lee Curtis, mergulha no gelo, entra com um cavalo por um hotel a dentro e, uff!, pilota aviões militares por entre os arranha-céus. Falta alguma coisa? Talvez espessura dramática, mas o divertimento está cá todo!

SOBERBA. Tim Burton voltou a acertar no expressionismo com «Sweeney Todd» e contornou os espartilhos do musical. A direcção artística é excelente e Johnny Depp nunca teve uns olhos tão carregados! Mesmo com grandes meios, Burton continua a aperfeiçoar a marca autoral. Excelente!

LUXÚRIA. Não se pode considerar traição, excepto aos olhos da jovem Briony, mas é filmada como tal: a cena de sexo na biblioteca entre as personagens de Keira Knightley e James McAvoy é relativamente intensa, bem filmada e dá um toque mais lascivo a «Expiação».

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