29 de março de 2008

O QUE AÍ VEM... El Orfanato







IRA.
«Seria um 'cliché' dizer que, por ser mexicano, consigo ver a morte de uma certa maneira.» GUILLERMO DEL TORO

O dom para as alegorias, a bela plasticidade visual (a lembrar Tim Burton ou Peter Jackson, por exemplo) ou o engenho na construção de planos tornaram Guillermo Del Toro a coqueluche dos realizadores fora de Hollywood que se convertem aos seus padrões sem abdicarem de um importante sentido criativo.

A culpa foi de «O Labirinto do Fauno», obra de tal forma importante que permitiu ao seu realizador ser apontado como o responsável pela adaptação de «Hobbit», a obra mais desejada depois da reverência com a trilogia de «O Senhor dos Anéis», também de Tolkien. Antes disso, Del Toro foi também adquirindo espessura enquanto produtor e é ele que está por trás de um dos mais badalados filmes espanhóis dos últimos meses.

EL ORFANATO, co-produção entre Espanha e México, é uma obra de terror intimista a fazer lembrar, por exemplo, «Os Outros», de outro realizador latino, Alejandro Aménabar
.

A premissa deste conto negro, que tem acumulado cinco estrelas em inúmeras revistas de cinema? Trata-se do regresso de uma mulher ao orfanato onde fôra criada, com o intuito de o reabrir. O cenário adensa-se quando o seu filho cria um amigo imaginário, capaz de causar calafrios.

O realizador Juan António Bayona esforça-se por actualizar o tom de fábula de terror, à maneira clássica, sem necessitar de derramar muitos litros de sangue. Depois, diz quem viu, que o maior mérito da obra é a forma como a história é contada, capaz de reabilitar o mito da casa assombrada. Aquela em que ninguém quer morar, mas da qual não se consegue resistir a ir dar uma espreitadela. O mundo continua misterioso nas mãos de Guillermo Del Toro.