16 de novembro de 2008

NA SALA ESCURA: Retrato a meio caminho







PREGUIÇA.
«Quem é que tu pensas que és... um Kennedy? És um Bush. Age como tal.»
GEORGE BUSH (James Cromwell)

A crítica vem no rescaldo do aparato mediático que foi, mais uma vez, a eleição presidencial dos Estados Unidos. Algo que ganhou outra dimensão devido à crise financeira mundial, que força o mundo a olhar para a ainda maior economia com um misto de expectativa e incredulidade, tanto culpando-a do desaire financeiro como exigindo uma resolução rápida para algo que começa a sentir-se na economia real.

Ao construir W, Oliver Stone não previu este desaire final para o mandato de George W. Bush, que será, certamente, um dos pontos fulcrais a ficarem na História, desde a sua eleição. E no fundo mais um reflexo, ou de acordo com os seus detractores, um culminar de uma política impulsiva, pensada em função de objectivos estratégicos pouco condescendentes com segundas opiniões.

Bush errou. E errou em pontos que não podia errar. Já para Oliver Stone, e de acordo com a sua última obra, o texano errou de facto, tem muitos defeitos, é um bronco, mas... é assim, pronto!
O que se há-de fazer?

É nesta indecisão e desculpabilização forçada que o trabalho peca.

É certeiro na encenação de algumas medidas, no tropeção de Bush em muitos pontos da sua agenda política, mas falta-lhe ambição em assumir um ponto de vista. Seja em que direcção for. A indiferença em querer tomar uma posição compromete W, torna-o um objecto caricaturalmente interessante, mas despojado de vigor, de linha de orientação.

Oliver Stone, que tem um passado bem sucedido em matéria de análise dos pontos fracos do seu país, parece ter amolecido no seu engenho.

Neste filme volta a ter alguns rasgos na realização (há um cuidado na conjugação de cenas a ter em conta e pormenores deliciosos como a introdução do tema musical «Robin Hood» a meio da acção), mas fica-se a meio caminho.

E a opção só pode ser entendida como preguiça de chegar mais longe, do que vontade em não querer ceder a maniqueísmos. Se foi este o desígnio, foi mal escolhido.

Outra crítica AQUI


W
De Oliver Stone (2008)

* *

Depois de ir à ferida do 11 de Setembro, Oliver Stone decidiu lançar-se no retrato político de uma das mais controversas figuras presidenciais. E constrói essa imagem desde a origem, na tentativa de nos fazer perceber muitas das atitudes do ainda presidente dos Estados Unidos. Apesar de alguma força na sátira, Stone poupa a figura que convoca e isso gera uma fraqueza que quase se torna insustentável no filme. O seu olhar é desprovido de intenção, o que não funciona dado o protagonista em questão ser o Presidente dos EUA. Salva-se a entrega de Josh Brolin e muitos pormenores técnicos.

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