16 de novembro de 2008

O MAIOR PECADO DE... Oliver Stone







SOBERBA.
«'Alexandre' é tão ridículo, que se torna difícil de saber por onde começar a listar as suas infelicidades.» MTV

A propósito da estreia recente de «W», é bom recordar os méritos de Oliver Stone como realizador. É provavelmente um dos cineastas vivos mais interessantes e talentosos, não só pela temática densa dos seus filmes, como também pela argúcia que manifesta na construção de planos, no seu agenciamento, e no olhar magnético que detém em função do poder da imagem.

Mas, também na sua carreira memorável (não esquecer os excelentes e já clássicos «Platoon - Os Bravos do Pelotão», «Salvador», «Nascido a 4 de Julho», «JFK» e até, à sua maneira, «World Trade Center») há um ou outro passo em falso.

O maior de todos? ALEXANDRE, um épico desmesurado, em que Oliver Stone não conseguiu desprender-se da sua escala e estampou-se numa má escolha de elenco, cenas penosamente longas, adereços que ridicularizam as personagens (a cabeleira de Colin Farrell foi comparada à de Doris Day...), diálogos minimalistas e ridículos e, acima de tudo, uma estrondosa falta de visão.

Ainda hoje, Oliver Stone tenta levantar-se deste desaire, até porque o investimento foi grande. E quanto mais se sobe, maior é a queda. Um realizador principiante teria ficado comprometido para sempre, mas como se trata de um dos grandes cineastas norte-americanos, a coisa até tende a ser esquecida.

A história? Relatar os feitos épicos de Alexandre, o Grande, que dominou grande parte do mundo conhecido, conquistando milhares de quilómetros e dominando territórios em menos de um década.

Tudo começa a lembrar Orson Welles em «Citizen Kane», por termos uma morte que nos leva a querer saber como foi a vida que ficou para trás. Mas os vícios da homenagem épica estão cá todos. Depois, temos uma Angelina Jolie e um Val Kilmer «à nora» nas suas caricaturas, um penoso Anthony Hopkins e até a suposta homossexualidade do herói é tratada sem querer comprometimento e à luz de uma troca de olhares bacoca.

É certo que há vigor nas cenas de luta, que se denota um esforço na reconstituição de época e que até Colin Farrell faz de tudo para ser convincente. Mas não resulta! De todo.

O que é certo é que, a partir deste enorme flop, os grandes estúdios começaram a relativizar a força de obras como «Gladiador» e «Tróia», dois êxitos de massas, enquanto Oliver Stone procurou voltar a olhar para as fragilidades do seu país, sempre numa escala que não obnubile a sua visão de cineasta.

Críticas de Fugir:

- NEW YORK OBSERVER: Com um custo de 155 milhões de dólares, «Alexandre» qualifica-se como um super-espectáculo em todos os pontos menos em um: no seu neurótico e confuso herói.
- CINEMA EM CENA: Oliver Stone revela uma decepcionante tendência para o melodrama.
- FILM EXPERIENCE: Apesar de alguns rasgos de imaginário vivio e carisma, «Alexandre» não está nem perto de ser «grande».
- BANGOR DAILY NEWS: Grande e desarranjado. Se gosta de uma enorme fatia de falta de controlo em Hollywood, pode ser que aprecie o filme.

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