23 de novembro de 2008

Um festival grandioso na sua discrição







SOBERBA.
«Só por razões extraordinárias é que não se fará outra edição do Estoril Film Festival.»
PAULO BRANCO

A segunda edição do Estoril Film Festival chegou ao fim e é altura de balanços. A questão é só uma: alguém entendeu a gestão deste evento, que tem a pujança de um grande espaço de reflexão de cinema, nomes sonantes a condizer, e uma oferta variada, feita a pensar em largas faixas de público? Eu não.

É que tal como apareceu do nada, este grandioso evento, que segundo a organização contou com 20 mil pessoas neste ano, parece continuar à margem em matéria de preparação, divulgação, envolvimento com o público.

Sim, este ano ouviu-se falar. Páginas inteiras de imprensa foram dedicadas ao certame mas Paulo Branco, e tendo em conta a pessoa influente que é, continua a parecer que gosta de que o festival surja de forma atabalhoada e desapareça quase sem deixar rasto. Por cá, conseguem-se fazer coisas muito boas, como é o caso do Fantasporto, do IndieLisboa e do DocLisboa.

Há organização, empenho, edições comemorativas e um envolvimento com um espaço urbano.

No caso do Estoril Film Festival, parece que os nomes grandiosos (e preciosos) que por cá passaram - do calibre de Catherine Deneuve, Stephen Frears, Paul Auster ou Bernardo Bertolucci - são subaproveitados.

Há espaços de debate, masteclasses e tudo isso, mas onde está a vontade de abrir tudo isso ao reconhecimento, à ovação, à surpresa? Estaremos assim de costas tão voltadas para o cinema?

Tenho pena que a tendência se tenha duplicado, mas espera-se que o que aí vier venha com uma atitude mais ajustada perante a realidade nacional e uma vontade de criar envolvimento. Não basta trazer vultos do cinema, é preciso também espectadores. E o Estoril Film Festival tem tudo no sítio para ser muito maior e bem recebido.

Até porque ninguém duvida que Paulo Branco é um produtor visionário, o nome mais elevado de uma indústria que praticamente não existe. Mas existe curiosidade. E essa ainda não foi satisfeita.

1 comentário:

emot disse...

Concordo contigo, que precisavam de uma estrutura mais consistente e organizada. Mas há um problema de base, parece-me. Todos os grandes nomes são geridos por Paulo Branco que detesta confirmá-los com antecedência. Isto porque os "famosos" são pessoas muito ocupadas que podem deixar de poder vir de um momento para o outro (este ano aconteceu isso com o Vincent Cassell).

Acredito que o festival tem tudo para crescer, e muito, mas precisa, de facto, de uma organização constante ao longo do ano.