12 de junho de 2008

CINEFILIA: As cinco promessas de Junho







SOBERBA. Mês de Junho é sinal de grandes produções e filmes independentes com fartura. Este ano, a regra mantém-se com o facto de a grande maioria dos «blockbusters» chamarem pouco a atenção. Estarão as fórmulas gastas? Títulos como «O Incrível Hulk» mostram que sim. Ainda assim, há uma ou outra proposta interessante a descobrir.

- THE HOTTEST STATE: Já tentou a sorte na escrita, agora esmera-se na realização. O actor Ethan Hawke é daquelas eternas promessas que nunca chegou verdadeiramente a confirmar-se. Como se sai atrás das câmaras? O travo indy do filme chama a atenção e aguça a curiosidade, neste conto pessoal sobre as peripécias de um actor para vingar na carreira, enquanto luta para manter sólida uma relação amorosa com uma compositora.

- O ORFANATO: É talvez a estreia mais auspiciosa do mês - já aqui falámos dela... - por contar com produção de Guillermo Del Toro e procurar desconstruir as regras do terror clássico. Tudo se passa no registo do horror intimista, muito negro, com várias reminiscências aos medos de infância. Outra surpresa? À semelhança de «O Labirinto do Fauno» não se rendeu ao inglês e é falado em espanhol.

- O ACONTECIMENTO: Trata-se do tudo por tudo para M. Night Shyamalan para mostrar que ainda é exímio a contar histórias densas, com um cheirinho a ficção científica, depois de ter sido muito mal compreendida a sua experiência alegórica de «A Senhora da Água». Como resolver a questão? Voltar ao género que o tornou famoso, o convencional «suspense», para mostrar como uma comunidade sucumbe a uma ameaça que não é explicável. Será uma nova «Guerra dos Mundos»? Talvez, porque Shyamalan gosta de usar referências para as manipular. Pode ser um dos filmes do ano.

- O MEU IRMÃO É FILHO ÚNICO: Comédia à italiana vale por si, dada a raridade com que a oferta se faz nas nossas salas, à excepção dos trabalhos de Nanni Moretti. Esta é a história de dois irmãos, com perfis distintos (um é padre, o outro um operário), que vão acabar por se cruzar com o crime. O filme possibilita ainda um olhar descomplexado sobre as décadas libertárias dos anos 60 e 70.

- ALEXANDRA: Um olhar sobre a Tchechénia actual, pela mão de Aleksandr Sukorov, sim esse mesmo, o responsável pelo desafio cinematográfico que é «The Russian Ark». Motivos revigorados para aumentar o interesse. A mulher que dá título ao filme é a avó que vem visitar o neto, um dos melhores oficiais da sua unidade. É pelos seus olhos que entramos num novo mundo, onde as pessoas são parcas nos seus sentimentos.

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