24 de fevereiro de 2010

Dar umas luzes aos Irmãos Lumière (XI)

Caros irmãos Lumière,

Já tudo se disse, viu e escreveu sobre 'Avatar', actualmente o filme mais rentável de todos os tempos (o que não quer dizer que tenha sido o mais visto). Agora que a poeira começa a assentar, vale a pena pensar um pouco no impacto desta obra megalómana - mais uma! - de James Cameron, o mago experimental do cinema de massas.

É certo que o filme sobre mundos paralelos com mensagem pró-ambientalista tem um lugar primordial na história do cinema, criando já um marco do século XXI, que é a capacidade de abolir as escassas margens de realismo ou constrangimento visual que ainda poderiam resistir. Já tudo se pode fazer, o ser humano está morto no grande ecrã, os píxeis são cada vez mais um instrumento de relevo no momento de pensar a fantasia.

Depois, 'Avatar' permitiu que o cinema 3D se implantasse definitivamente como arma comercial, capaz de devolver à sétima arte o lado de profundidade gráfica que já se havia tentado antes sem sucesso, além de permitir aos estúdios encontrarem uma forma de manter ou fazer crescer as margens de lucro e retomar como experiência única a ida à sala escura. Até porque por mais desenvolvida que esteja a pirataria ainda não consegue reproduzir a experiência de se ver em três dimensões, hoje já num nível muito aceitável.

O mérito de tudo isto é inteiramente de James Cameron, um verdadeiro visionário, que volta a dar um passo de gigante na componente espectacular do cinema. Ao contrário de George Lucas, que ficou enredado nos virtuosismos de uma só saga (sim, 'A Guerra das Estrelas)', o realizador de 'Exterminador Implacável', 'O Abismo', 'Aliens - O Recontro Final' e 'Titanic' tem conseguido acompanhar as tendências do grande consumo sem abdicar de uma história à prova de bala, com a enorme capacidade de surpreender.

O cinema comercial quer-se surpreendente e Cameron é mesmo o mago cinéfilo do século XXI. As fronteiras esbateram-se e um novo filão está aí à porta: o 3D é a nova mina de ouro que será replicado até à exaustão nos próximos tempos. O espectador renovou o encantamento perante o cinema e, por isso, os projectos que se avizinham serão de altíssimas expectativas para quem acredita no 'blockbuster'.

O efeito mais imediato veio no campo da animação, mas a imagem real também já está a estudar novas potencialidades graças à técnica explorada com eficácia por Cameron, que criou novas câmaras para cumprir o seu sonho antigo que era 'Avatar'. Gente respeitável como Tim Burton ou Steven Spielberg seguem-lhe as pisadas.

Será uma nova era do cinema? Talvez. Mas há também aqui uma ameaça: a tentação de colocar a técnica à frente da inventividade. Neste ponto, o cinema independente tem um papel preponderante e será interessante ver como se adapta a esta nova realidade. Quer-se, de facto, o fascínio visual. Mas, acima de tudo, o cinema é a arte de mostrar histórias. Boas histórias para mais tarde recordar.

1 comentário:

Anónimo disse...

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