3 de fevereiro de 2008

Primeiras ilações sobre os Óscares 2008







SOBERBA.
«O Óscar e eu temos algo em comum.»
John Wayne


Ver uma cerimónia dos Óscares é quase como ver um jogo de futebol do Benfica nos tempos mais recentes: toda a gente diz mal, refere as regras viciadas do jogo, insulta os protagonistas acusando-os de apenas marcarem presença devido ao cheque no fim do mês e fica insatisfeito com o resultado.

No entanto, continua religiosamente a seguir os 90 minutos, faz insultos, surpreende-se e solta impropérios quando não concorda com quem dirige o jogo.

Ver uma cerimónia dos Óscares é um ritual, uma «noitada» motivada pela ilusão de se estar mais próximo do cinema mainstream e dos seus protagonistas.

Este ano, porém, as coisas podem ser diferentes: os argumentistas insistem numa greve que faz sentido e reclamam «o seu», expondo as fragilidades de eventos que dependem de histórias, piadas e um fio condutor do qual só questionamos quando ele pode falhar.

Segundo consta, a Academia já está a preparar um «plano B» caso as coisas se mantenham no estado em que estão, criando uma cerimónia mais modesta. Sinal dos tempos modernos...

Quanto à categorias propriamente ditas, este é um daqueles raros anos em que ainda não vi os principais nomeados, ou pelo menos a maioria deles. Ainda assim, é talvez das edições mais sólidas dos últimos anos, atendendo-se a um reflorescimento do bom cinema de autor em Hollywood. Senão confirme-se: entre os cinco nomeados a Melhor Filme, não há nenhum grande épico, com excepção do romântico «Expiação» e do mais comercial «Michael Clayton».

Entre os realizadores estão nomes como os irmãos Coen, Paul Thomas Anderson e Julian Schnabel. O cinema independente também está mais forte do que nunca, como se comprova com as nomeações do filme «Juno» e do seu realizador Jason Reitman.

A nível de interpretações, a categoria de actores - Daniel Day-Lewis, Johnny Depp ou Tommy Lee Jones comprovam-no - parece mais forte do que a de actrizes. De resto, as categorias técnicas impressionam pouco, Michael Moore lá conseguiu que o seu «Sicko» figurasse na categoria documental, o Cazaquistão consegue chegar-se à frente e ser nomeado no Melhor Filme Estrangeiro e, na animação, está o único vencedor certo, certo desta edição: o soberbo «Ratatui», da omnipresente Pixar, que insiste em não dar um passo em falso.

Apesar de haver ainda muita coisa por ver, não resisto a palpites. Acertarei uma?

- MELHOR FILME: Este País Não é Para Velhos
- MELHOR REALIZADOR: Joel e Ethan Coen
- MELHOR ACTOR: Johnny Depp em
Sweeney Todd
- MELHOR ACTRIZ: Julie Christie em
Away From Her
- MELHOR ACTOR SECUNDÁRIO: Javier Bardem em
Este País Não é Para Velhos
- MELHOR ACTRIZ SECUNDÁRIA: Amy Ryan em
Gone Baby Gone
- MELHOR ARGUMENTO ORIGINAL: Ratatui
- MELHOR ARGUMENTO ADAPTADO: Este País Não é Para Velhos
- MELHOR FILME DE ANIMAÇÃO: Ratatui
MELHOR FILME ESTRANGEIRO: Katyn (Polónia)

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