3 de abril de 2008

OS SETE PECADOS DE... Março 2008







SOBERBA.
Já se sabia que o cinema de Douglas Sirk era uma referência em matéria de sensibilidade, emoção quase telenovelesca. Mas a forma como o realizador joga com o dramatismo de personagens imersas em modelos comunitários opressores, testa luzes, planos, sombras e assume um certo classicismo na forma de filmar foram uma boa surpresa do mês. O QUE O CÉU PERMITE é um belo exercício dramático, um filme que pode parecer presunçoso pela perfeição tanto técnica quanto narrativa. Que fazer? Dos modestos também não reza a história...


GULA. A visita a Londres permitiu descobrir também o British Film Institute, a «Cinemateca lá do sítio» que é muito bem organizado, tem um espaço junto ao Tamisa digno de registo, uma loja com livros e DVD de tirar o fôlego e uma programação muito activa. Num mesmo mês ia receber Daniel Craig ou Tony Curtis para darem palestras de cinema... Vim de lá com um «pack» de filmes de Akira Kurosawa debaixo do braço.

AVAREZA. Apesar da diferença de níveis de vida, Londres parece tratar bem a cultura. Os filme existem para todos os preços, mas a maioria dos filmes estão de 8 a 12 euros. Depois, as promoções sucedem-se com um nível de ousadia que por cá não se vê... Exemplos? Ver obras de Spike Lee, Tim Burton, Spielberg ou Hitchcock a 3 libras (cerca de 4,5 euros). Foi por esse preço que trouxe uma edição de coleccionador de «Dois Homens e um Destino».

IRA. Num espaço de menos de 30 dias, o luto do cinema estendeu-se a Anthony Minghella, ao britânico Paul Scofield (de «Um Homem Para a Eternidade») e, mais recentemente, ao cineasta Jules Dassin. Chega?

PREGUIÇA. O tempo para ir ao cinema - aquele mesmo na sala escura... - continua a escassear. Apesar disso, as duas últimas vezes renderam cada cêntimo do preço do bilhete. Tanto «Este País Não É Para Velhos» como «O Assassinato de Jesse James pelo Cobarde Robert Ford» são trabalhos exemplares.

LUXÚRIA. O Canal Hollywood tem insistido em transmitir o já clássico «Instinto Fatal». Apesar de se conhecer o filme de cor, o cruzar de pernas de Sharon Stone, bem como a teia em que Michael Douglas se vai embrenhando, continua a cumprir os seus propósitos. Mas ficou por aí, porque a sequela era apenas um simulacro esbatido da pulsão sexual do capítulo original.

INVEJA. A Pixar lançou um DVD onde compila todas as suas curtas-metragens, aquelas que iniciam sempre a sessão de uma nova longa-metragem. São sempre apetitosas produções, tão perfeitas que também irritam, até porque o estúdio insiste em não falhar. Mesmo quando não acerta, é sempre muito melhor que a concorrência... Recomenda-se!