
1) Ver finalmente entregue a estatueta dourada a Martin Scorsese, ainda para mais pela mão dos colegas de geração Spielberg, Coppola e Lucas. O realizador de ENTRE INIMIGOS, também eleito melhor filme, há mais de duas décadas que já merecia o Óscar, mas a Academia tem razões de avaliação que a própria razão desconhece. O filme é um «remake» e não é a melhor obra do cineasta de O TOURO ENRAIVECIDO, mas é uma das melhores do ano e, para todos os efeitos, é isso que importa...
2) O belíssimo teatro de sombras que possibilitou interessantes interlúdios há cerimónia. Registem-se a homenagem a SERPENTES A BORDO ou à correria louca de UMA FAMÍLIA À BEIRA DE UM ATAQUE DE NERVOS. Outro momento memorável: o «concerto» vocal de efeitos sonoros.
3) Ver Alan Arkin a conquistar o Óscar de Melhor Actor Secundário pelo seu papel «contra-corrente» na comédia que reinventou o existencialismo familiar. Foi um belíssimo reconhecimento, apesar de qualquer um dos outros actores secundários merecerem o galardão. Como surpresa da noite, valeu, até porque soube bem ver o olhar de Eddie Murphy desolado.
4) Ellen DeGeneres a aspirar o chão, a tirar uma foto instantânea com Clint Eastwood ou a mostrar o seu novo fato de transporte para Óscares. Simples, discreta, (aparentemente) descontraída, a humorista deixou a acidez de lado das últimas apresentações de Jon Stewart, Chris Rock e Steve Martin. Finalmente, a Academia acertou no registo. Esperemos que o repita...
5) Três estatuetas para O LABIRINTO DO FAUNO, uma prova de que o cinema fora dos espartilhos de Hollywood (não esquecer que a fantasia de Guillermo Del Toro é falada em espanhol) consegue ser superior, mesmo em questões de natureza técnica.
6)O merecido Óscar para Melhor Guarda-Roupa de MARIE ANTOINETTE, de Sofia Coppola. Esta era a única nomeação para a revisitação que Coppola fez dos últimos dias da rainha de França, num exercício de jogos temporais interessante. A estatueta vem valorizar a sumptuosidade da produção.
7) O facto do Melhor Filme de Animação não ter ido para CARROS - afinal, nem tudo o que a Pixar produz é ouro...