20 de fevereiro de 2007

A profecia do preconceito sobre falta de pré-visionamento

PREGUIÇA. Sempre desconfiei dos filmes que se estreiam nas salas nacionais sem prévio visionamento de imprensa. Geralmente, são obras de elevado pendor comercial, mas vulneráveis na sua elaboração que um crítico com o mínimo de noção não deixaria passar sem a habitual pena temperamental e a bolinha preta na coluna do jornal para onde escreve. Na verdade, gosto de saber de antemão o que um determinado crítico pensa sobre um filme porque, embora muitas vezes não esteja de acordo com ele, sempre tenho um ponto de vista e uma direcção interpretativa, proposta por alguém que, à partida, já viu muito mais filmes do que eu... Lembrei-me disto quando há dias fui ver, a pedido da cara-metade, a adaptação cinematográfica de A PROFECIA CELESTINA, «best-seller» espiritual de James Redfield. Como sou pouco dado a hermenêuticas sobre o sentido da existência (acho que cada um sabe de si e... ponto final!), estava com três pés atrás face a um filme que se estreava sem passar pelos críticos, tinha tido uma carreira inexistente nos Estados Unidos e trazia Joaquim de Almeida num dos papéis principais... Mas, como não me gosto de armar em cinéfilo preconceituoso (embora todos o sejamos à nossa maneira), aceitei sob promessa de que as próximas duas idas ao cinema seriam escolhidas pela minha bússola narcisista de escolhas fílmicas. Lá entrámos e... ao fim dos primeiros dois minutos já tinha percebido que o embuste era ainda maior do que o previsto: má direcção artística, más interpretações, zero ideias sobre bons planos cinematográficos e uma história mística que pode resultar muito bem em livro (segundo me dizem, porque nunca o li!) mas que em cinema «série B» só dá tiros ao lado... Pouco mais se poderia esperar de uma obra de Armand Mastroianni, mestre há décadas de telefilmes de segunda... A minha teoria confirma-se: não confiar EM OCASIÃO ALGUMA de filmes sem prévio visionamento de imprensa. Normalmente, são muito piores do que a mais injusta crítica de um intelectualóide vaidoso. Esta é a minha profecia.

A PROFECIA CELESTINA *
John Woodson (Matthew Settle, em registo medíocre e visual de actor ultrapassado) é um homem cuja vida se encontra numa encruzilhada e que está prestes a experimentar a dramática metamorfose para compreender o sentido da vida. Através de um conjunto de coincidências, John vai parar ao Perú rural, onde contacta com uma lenda ancestral sobre a «Profecia Celestina». E cada pessoa que encontra permitem-lhe perceber um novo nível de conhecimento interior... O que mais revolta nesta adptação menor do livro de James Redfield é que, independentemente dos crentes da sua mensagem espiritual, o filme é mau cinema, com nenhuma ideia nova sobre articulação de imagens. É mesmo confrangedor ver Joaquim de Almeida associado a tão pobre projecto, que quer ajudar a mostrar a energia do mundo mas apenas consegue transmitir uma total ausência de noção sobre o que pode ser o cinema.


1 comentário:

Anónimo disse...

I'm really enjoying the theme/design of your site. Do you ever run into any browser compatibility issues? A number of my blog readers have complained about my site not operating correctly in Explorer but looks great in Opera. Do you have any advice to help fix this issue?

Also visit my web site feedmailer.net