15 de julho de 2008

O MAIOR PECADO DE... Dreamworks








PREGUIÇA.
«Não se preocupem em chamar a Guarda Costeira. Este aqui morreu na água.» BOULDER WEEKLY

Querem ver um bom filme passado debaixo de água, com emoção e história coesa? Bem, há duas hipóteses: no caso da imagem real talvez o melhor seja espreitar o clássico de Spielberg «Tubarão», no caso da animação... é melhor ver «À Procura de Nemo» outra vez.

Sempre que a Dreamworks tentou copiar as fórmulas da Pixar, estatelou-se contra a parede e perdeu em todas as comparações.

Aconteceu isso no despique dos insectos com «Antz» face a «Uma Vida de Insecto» (mesmo tendo Woody Allen a dar voz à formiga que é o centro das atenções) e, principalmente, em O GANG DOS TUBARÕES, provavelmente o trabalho mais fraco do curto historial do estúdio, surgido nos anos 90, com Spielberg a liderar as operações numa vontade férrea de concentrar as atenções.

A estratégia deu frutos: não esquecer que tanto «Beleza Americana» como «Gladiador» foram Óscares de Melhor Filme, sendo produções dispendiosas deste novo estúdio. No entanto, na animação, e com excepção de «Shrek» e das produções Aardman - «A Fuga das Galinhas» ou «Por Água Abaixo» -, foram muito poucos os trabalhos que fizeram sombra à Disney.

Não é que se tenham portado mal nas bilheteiras, mas quase nunca conseguiram articular uma boa história com um desenho apurado. Agora que o estúdio se está a tentar desprender da Paramount - há até quem fale que se pode aproximar de Bollywood, com o interesse manifestado por investidores indianos -, e que se estreou um dos mais sólidos trabalhos animados, neste caso «O Panda do Kung Fu», é altura de recordar o ponto mais fraco. E esse é, sem dúvida, «O Gang dos Tubarões», uma reunião colossal de talentos, com De Niro, Jolie, Will Smith ou o próprio Scorsese a darem vozes a figuras animadas, mas sem nenhuma chama enquanto produto audiovisual.

Construído como um sucedâneo sem fôlego de «À Procura de Nemo», o filme conta como Óscar, um modesto esfrega-línguas na lavagem automática do bairro, se torna um herói ao assumir a glória de um acto que, na verdade, não protagonizou. Para manter o segredo, faz amizade com um tubarão vegetariano, mas a mentira tem perna curta: resta-lhe procurar novamente o seu lugar no meio de uma comunidade colorida, inventiva, mas com pouca graça.

O actor Will Smith tenta ser o cerne deste conto, mas a sua personagem não tem um pingo da homegeneidade de Merlin ou Nemo e tudo cai num artificialismo menor. Até a banda sonora, que reuniu Christina Aguillera (em gritos estridentes) e a virtuosa Missy Elliott, é irritante. O resultado é facilmente esquecível.


Críticas de fugir:
- San Antonio Express News: Se houver uma sequela, é possível colocarem algumas bolhas para parecer, desta vez, que a acção se passa debaixo de água?
- ReelTalk Movie Reviews: Falta-lhe a graça e o encanto de que já estava à espera.
- Village Voice: Os realizadores deste filme não têm fé suficiente no mundo que criaram.
- Film Freak Central: Um veículo sem alma para a 'persona' de Will Smith.
- Three Movie Muffs: Com tanto talento reunido, 'O Gang dos Tubarões' deveria ter sido muito melhor do que isto.

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