3 de julho de 2008

OS SETE PECADOS DE... Junho 2008








LUXÚRIA.
No meio de uma semana de férias, fui ao cinema descobrir que a comédia juvenil pode ser romanticamente violenta e, ainda assim, não ceder na inteligência. Próximo do nível de «Um Azar do Caraças» - não é por acaso que é dos mesmos produtores - UM BELO PAR DE PATINS (título terrível para «Forgetting Sarah Marshall») é já um dos trabalhos mais bem dispostos dos meses quentes, apesar de lidar sem grandes pudores com a dor da traição. O olhar é ousado, divertido e intelectualmente estimulante. Isso é possível? Parece que sim... Até mete ao barulho uma ópera com marretas a simular a história de Drácula. Cheio de ideias, só se alonga demasiado na sua premissa de descodificar os afectos quando o coração fica em cacos. É pena.


INVEJA. De vez em quando uma boa ideia: apesar de continuar a usar e a abusar dos anúncios no início das sessões, a Lusomundo começou a fazer intervalos de dez minutos onde insere um ou outro «trailer». Uma maneira sagaz para gerir os 10 minutos do desconforto. Quem quiser, vai à sua vida, quem preferir, fica a saber o que aí vem.

SOBERBA. Numa altura em que a colecção de DVD está tão apinhada que estou a fazer uma pausa nas aquisições, fiz anos e pedi apenas um filme. Ou melhor, uma deliciosa compilação de curtas-metragens: trata-se da série «A Ovelha Choné», produzida pelos estúdios Aardman (sim, dos mesmos criadores de «Wallace & Gromit» e «A Fuga das Galinhas») e que está a ser apadrinhada - e bem! - pela RTP. Tratam-se de pequenas histórias para os mais novos protagonizadas por um rebanho de ovelhas caprichosas, feitas de plasticina e muito espertas. O único que parece mais lento nos pensamentos e nas reacções é o seu dono. São pérolas de pouco mais de cinco minutos, com humor «very british», absolutamente imperdíveis.

GULA. Apesar da pausa na compra de DVD, não cedi à tentação. Em liquidação total, o «Daily Price» da Av. de Berna possibilitou a seguinte pechincha: comprei os filmes «Apanha-me Se Puderes», de Spielberg, «2046», de Wong Kar-Wai, a obra oriental «O Bordel do Lago», o ardiloso «The Heist - O Golpe» de David Mamet, e «A Pantera Cor-de-Rosa», de Blake Edwards, por um total de 12,5 euros (!!!). Sim, isso mesmo. Foi só desta vez...

IRA. É certo que David Cronenberg descobriu que a violência pode ser filmada num nível muito elevado. Depois do soberbo «Uma História de Violência», só há pouco descobri «Promessas Perigosas», que é um olhar desencantado sobre a máfia americana. Por isso, e pelo ambiente de negrume que perpassa toda a fita, a obra é novamente para aplaudir. Cronenberg continua a ser certeiro nos «socos no estômago».

PREGUIÇA. Alguém compreende a lógica de programação do canal MOV? Aquele de filmes e séries que a Zon já disponibiliza no pacote clássico e no outro, o «Funtastic Life» em HD, sendo que os exibe sem horas fixas, sem linha de orientação... Há bons filmes para ver, não se percebe é quando. Nestas coisas, a bem do espectador, há que ser um pouco previsível. Não na oferta, mas nos momentos de exibição.

AVAREZA. Não sou egoísta. Nunca fui, mas sempre que empresto um filme e ele fica semanas e semanas, depois meses e meses, em casa alheia, sinto algum desconforto. Pequenino, mas sinto. «Mea culpa!»

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