3 de dezembro de 2008

NA SALA ESCURA: Ensinar a aprender







INVEJA.
«Os professores também têm a sua linguagem e é preciso ver como é que essas duas linguagens, a deles e a dos alunos, conseguem coexistir.» LAURENT CANTER in DN

Numa altura em que a realidade escolar está ao rubro, passou pelas salas de cinema um filme que rompe com os cânones da ficção e do documentário, ao articular as duas realidades num esforço meritório para pensar a escola em toda a sua complexidade.

A TURMA, de Laurent Cantet, é um documento de visionamento obrigatório, por olhar para a realidade do ensino sob o ponto de vista do professor, sem descurar a multiplicidade de linguagens inerentes a alunos à procura de uma identidade
.

Sim, é ficção, mas os actores interpretam-se a si próprios - o professor é mesmo professor, os alunos são mesmo alunos. Além disso, nos muitos atributos deste filme, que arrecadou a Palma D'Ouro, está também uma bonita realização de Laurent Cantet que soube tirar partido da sala de aula como espaço cénico.

É ela o palco para estas figuras se moverem num duelo que se constrói e descontrói todos os dias, enquanto se
procura ir mais longe na vontade de aprender. Sim, todos aprendem. E o professor, vivido por François Bégaudeau, é o primeiro a reconhecê-lo. É do seu olhar que tudo parte e é pelo seu olhar que o espectador percebe que a escola é um lugar delicado. Onde se fazem pessoas e cinema. A sétima arte anda aqui de mãos dadas com uma noção genuína de serviço público.

Sim, esse conceito difuso e polémico encaixa aqui na perfeição. Como numa equação matemática.


Outra crítica AQUI

A TURMA
De Laurent Cantet (2008)
* * * *

É já um dos filmes do ano, este olhar realista para o universo da escola. Para lá da sua forma documental, está uma génese ficcional bem urdida, com excelentes enquadramentos, diálogos ajustados e um sentido de denúncia social. Devia ser exibido em todas as escolas. Talvez as fiquemos a entender melhor...

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