5 de maio de 2009

Os Sete Pecados de... Abril 2009












LUXÚRIA. O DVD continua a permitir descobrir filmes que, de outro modo, seria muito difícil encontrar para lá de algum ciclo discreto da Cinemateca ou de uma ou outra exibição mais arrojada da RTP 2. Foi assim que me deparei com O MEDO, filme de tensão psicológica de Roberto Rossellini, aqui a dirigir uma angustiada Ingrid Bergman. Depois de trair o marido, uma mulher abastada começa a ser chantageada pela ex-companheira do seu amante. Interessante jogo de tensão, com Bergman à beira da loucura. Apesar de não ser o filme mais citado da carreira de Rossellini, ajuda a perceber o seu estilo e a sua vontade em aproximar-se dos rostos dos protagonistas.

AVAREZA. Retratar os contrastes de um Brasil suburbano, sem cair em moralismos fáceis, é o que consegue Walter Salles no seu interessante «Linha de Passe». A história de uma mãe solteira que luta para criar os seus quatro filhos é tocante e rodada com particular engenho também em matéria de enquadramentos e boa fotografia. Algum defeito a apontar? A discreta passagem pelas salas.

INVEJA. O IndieLisboa foi, mais uma vez, um êxito. Indiferente a qualquer crise, mostrou capacidade em levar a cabo nova edição, com um tom cada vez mais profissional e uma oferta inabalável. O Grande Prémio de Longa-metragem foi para o norte-americano «Ballast». Terá exibição comercial?

PREGUIÇA.
Numa ida recente ao Monumental passei pela loja da Medeia Filmes no piso de cima. Há posters, DVD da Atalanta Filmes, camisolas e revistas. A oferta agrada, mas a apresentação nem por isso. O espaço continua com um ar quase amador. Bem, mas sempre vim com uma camisola de «Eraserhead», de David Lynch, debaixo do braço. A veia cinéfila fala sempre mais alto...

GULA. Como paródia à ficção científica e apetite para os olhos dado o aprumo da técnica 3D, «Monsters vs. Aliens» é o rebuçado animado do mês.

SOBERBA. A época dos blockbusters está a chegar. O primeiro passo foi dado por «Wolverine» e as bilheteiras lá se encheram outra vez. O filme é que parece ter desagradado aos críticos... Quanto aos restantes meses, esperam-se as sequelas do costume!

IRA. Belo retrato humano, o de «Isto é Inglaterra», dirigido por Shane Meadows. Ambientado na década de 80, aborda o movimento skinhead, mas pelo lado realista da coisa, centrando-se no olhar de uma criança. O cinema independente britânico está vivo e as memórias dos anos 80 também. O trabalho é óptimo, cru e arrebatador, e só demorou foi a chegar. Quem o viu, não esquece.

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