SCOOP * * *
Pecado do Dia: Inveja
Woody precisava de contracenar com a sua mais jovem musa, Scarlett Johansson, depois de a dirigir no seu mais sólido título dos últimos oito anos: MATCH POINT. Desta vez, recrutou-a para uma comédia sobrenatural, ao jeito das slapstick commedies de Howard Hawks ou Billy Wilder. Embora longe de ser brilhante, é mais um exercício competente de piadas certeiras e a repetição do seu gosto dramático para o policial. É bom ver Scarlett a fazer de Woody e este a retribuir-lhe na mesma moeda. Inofensivo e ligeiro, é brilhante nas cenas em que Woody se volta a encontrar com a morte...
Pecado do Dia: Inveja
Woody precisava de contracenar com a sua mais jovem musa, Scarlett Johansson, depois de a dirigir no seu mais sólido título dos últimos oito anos: MATCH POINT. Desta vez, recrutou-a para uma comédia sobrenatural, ao jeito das slapstick commedies de Howard Hawks ou Billy Wilder. Embora longe de ser brilhante, é mais um exercício competente de piadas certeiras e a repetição do seu gosto dramático para o policial. É bom ver Scarlett a fazer de Woody e este a retribuir-lhe na mesma moeda. Inofensivo e ligeiro, é brilhante nas cenas em que Woody se volta a encontrar com a morte...
Pecado do Dia: Avareza
Injustamente subvalorizado na altura em que se estreou entre nós (há dois anos), este exercício sobre a comédia e a tragédia (e as suas repercussões afectivas) é mais profundo do que aparenta. Não conta com Woody, mas com Will Ferrell a imitar-lhe (bem) os trejeitos. Trata-se de uma mesma história contada segundo pontos de vista diferentes e vence pela entrega a um humor mais melodramático e casual. Radha Mitchell desembaraça-se muito bem da duplicidade da sua personagem.
VIGARISTAS DE BAIRRO * * * *
Pecado do Dia: Gula
É um dos melhores exemplos do seu regresso aos primeiros tempos: o da comédia inconsequente, com direito a números de humor físico. Woody faz aqui par com Tracy Ullman (excelente!) na pele de dois "novos-ricos" que fazem fortuna com os biscoitos dela (daí o pecado seleccionado), depois do falhanço dele nos assaltos. As piadas sucedem-se em catadupa e funcionam muito bem, aqui com direito a termos Woody no mais piroso e embrutecido dos seus personagens. Quase com formato de "sitcom", o filme transcende-se pela ousadia humorística.
É um dos melhores exemplos do seu regresso aos primeiros tempos: o da comédia inconsequente, com direito a números de humor físico. Woody faz aqui par com Tracy Ullman (excelente!) na pele de dois "novos-ricos" que fazem fortuna com os biscoitos dela (daí o pecado seleccionado), depois do falhanço dele nos assaltos. As piadas sucedem-se em catadupa e funcionam muito bem, aqui com direito a termos Woody no mais piroso e embrutecido dos seus personagens. Quase com formato de "sitcom", o filme transcende-se pela ousadia humorística.
Pecado do Dia: Preguiça
Em 2002, Woody decidiu criticar de vez, por um lado o cinema americano "mainstream", por outro a vénia desmesurada que os europeus lhe fazem (é um facto que Woody é uma estrela por cá, ao passo que na América são poucos os que decidem ver os seus filmes...). Para tal, veste a pele de um realizador que fica cego no início da rodagem do seu filme, mas que decide ir em frente com o projecto, enganando tudo e todos. Embora exageradamente desconexo, HOLLYWOOD ENDING é mais um bom motivo para recordarmos o dom de Woody para a crítica. A seu lado: uma histriónica Téa Leoni.
Em 2002, Woody decidiu criticar de vez, por um lado o cinema americano "mainstream", por outro a vénia desmesurada que os europeus lhe fazem (é um facto que Woody é uma estrela por cá, ao passo que na América são poucos os que decidem ver os seus filmes...). Para tal, veste a pele de um realizador que fica cego no início da rodagem do seu filme, mas que decide ir em frente com o projecto, enganando tudo e todos. Embora exageradamente desconexo, HOLLYWOOD ENDING é mais um bom motivo para recordarmos o dom de Woody para a crítica. A seu lado: uma histriónica Téa Leoni.
Na sua terceira longa-metragem, em 1973, decidiu experimentar a ficção-científica. Projecto ambicioso esse, se fosse seguido à risca. Porém, Woody estava na sua fase mais hilariante e politicamente incorrecta, pelo que prefere brincar e bem com os modelos urbanos e sociais de um hipotético amanhã. Este primeiro encontro com Diane Keaton não poderia ser mais saboroso... Recorde-se os seus números de "mimo" ao fazer-se passar por robô e os legumes gigantes. "Non-sense" do futuro com sabor a passado saudosista!
Pecado do Dia: Luxúria
Irreverente ao máximo nos primeiros tempos, Woody é ainda hoje o mais irresistível espermatozóide da história do cinema. Este personagem entra só numa das partes de uma história-mosaico que pretende ser um despretensioso manual sobre a sexualidade. Porém, quando se fala de Woody nos primeiros tempos de carreira, nunca se pode levar demasiado a sério. Neste exercício desbragado e, a espaços, pouco convincente trabalho cómico, é mesmo o episódio da simulação da ejaculação masculina que mais convence. Esse e aquele em que temos Gene Wilder num quarto de hotel com uma ovelha!
Irreverente ao máximo nos primeiros tempos, Woody é ainda hoje o mais irresistível espermatozóide da história do cinema. Este personagem entra só numa das partes de uma história-mosaico que pretende ser um despretensioso manual sobre a sexualidade. Porém, quando se fala de Woody nos primeiros tempos de carreira, nunca se pode levar demasiado a sério. Neste exercício desbragado e, a espaços, pouco convincente trabalho cómico, é mesmo o episódio da simulação da ejaculação masculina que mais convence. Esse e aquele em que temos Gene Wilder num quarto de hotel com uma ovelha!
Deixamos o melhor para o fim, nesta selecção quase aleatória (na verdade, TODOS os filmes de Woody merecem ser vistos!) cujo único denominador comum é a versatilidade humorística do mais nova-iorquino dos realizadores. Dirigido em 1994, BALAS SOBRE A BROADWAY tem John Cusack a fazer de Woody Allen, como um argumentista falhado que tem a oportunidade de realizar a peça de teatro dos seus sonhos se se aliar a um poderoso gangster que está disposto a patrocinar o espectáculo. Mas nem tudo são facilidades, e o jovem argumentista tem que aturar uma irresistível (e irritante) Jennifer Tily. Nesta combinação de sátira teatral com filme de gangsters, Woody cria uma brilhante reconversão dos códigos da comédia clássica e até mais violenta com as suas personagens do que é habitual. Tudo em nome da coerência de uma comédia sobre o valor da arte, com desempenhos memoráveis de Chazz Palminteri, Jim Broadbent e uma engenhosa Dianne Wiest (com o seu célebre "Don't Speak"), vencedora do Óscar de Melhor Actriz Secundária.
2 comentários:
Yo, estou de acordo contigo em quase todos - há alguns que ainda não vi. Esse título é a jogar com as cartas Tarot que são importantes no filme? Se é, está porreiro, senão, está mais ou menos bem... ;)
Abraço,
JT
Que excelente artigo. Adorei mesmo este resumo Alleniano (ou Woodyalanesco :P) e fiquei com vontade de fazer o mesmo brevemente.
Cumprimentos.
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