5 de janeiro de 2008

Vida de emigrante mal promovida








PREGUIÇA.
«Há uma generosidade comovente nos portugueses emigrantes que não se encontra em Portugal. Há um desejo vital de dar e comunicar para estabelecer uma relação negada que nunca se vê em Portugal, onde o medo se revela só na boçalidade arrogante.» JOÃO CANIJO na nota de intenções de GANHAR A VIDA

É verdade que as poses insinuantes e os joguinhos de palavrões de Soraia Chaves em «Call Girl» obnubilam o que quer que se passe no cinema nacional nos próximos tempos. Esta semana soubemos que o filme de António-Pedro Vasconcelos foi visto por 60 mil espectadores apenas na primeira semana e é de esperar que venha a bater recordes de público.

Tudo bem, nada de novo: o português gosta de alegrar a vista, ainda para mais ilustrada por uma história à maneira de Vasconcelos, incapaz de fazer um mau filme (embora, neste caso particular, pareça ter cedido em demasia às leis do «marketing»). E para dizer o quê? Que nestes dias está a decorrer no Cinema São Jorge um interessante ciclo sobre emigração portuguesa, sempre de entrada gratuita.

E por que é que ninguém fala disso? Talvez porque a cultura goste de estar centrada em pequenos nichos ou porque o tema é sempre cilindrado perante uma Soraia Chaves de chicote na mão. O ciclo «Emigração Portuguesa» é organizado pelo Museu da Presidência da República.

As obras a exibir são maioritariamente portuguesas, com destaque para o olhar amargo de João Canijo em GANHAR A VIDA (para ver este domingo, às 22h00).

Mais sugestões? Na segunda passa pelas 19h00 «Os Devolvidos», de Jorge Paixão da Costa, e na terça há «Mudar de Vida», de Paulo Rocha, também às 22h00.

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