1 de agosto de 2008

NA SALA ESCURA: Ainda há fantasmas







IRA.
«Não se trata de ver para crer, mas de crer para ver.» Aurora (Geraldine Chaplin)

O cinema de terror sobrenatural não se compadece com meios termos: ou é uma experiência maior se for bem feito ou cai no ridículo se for dado algum passo em falso ou feita uma cedência maior aos clichés do género.

A boa notícia é que O ORFANATO pertence à primeira categoria, dado explorar o território da casa assombrada com a digniddade de um bom filme intimista, carregado de terror psicológico e... fantasmas
!

Êxito fenomenal do cinema espanhol, tem a mais-valia de ter sido produzido por Guillermo Del Toro, o que se pressente quer no cuidado plástico da produção, como no imaginário visual, de tonalidades negras, que se pressente da história (com a memória de «O Labirinto do Fauno» ainda muito presente).

Sem recorrer ao gore ou aos sustos estilizados, o filme é generoso em sequências de suspense, mas quase tudo ocorre naquilo que não se vê (e que se quer ver). Uma fórmula experimentada em muitos filmes de terror, mas raramente com efeitos tão bons como neste caso. O susto assim até vale a pena...


O ORFANATO
De Juan Antonio Bayona (2007)
* * * *
O cinema de terror tem no seu catálogo de cenas memoráveis a face queimada de Freddy Krueger, a máscara da trilogia de Scream ou o vómito da menina possuída de O Exorcista. Agora também já tem a máscara do rosto disforme deste filme espanhol, bom exemplo de uma técnica apurada em nome de uma história de fantasmas coesa e intimista. A jornada de uma mãe para encontrar o filho (obrigando-a a embarcar no território do sobrenatural) é rica e muito negra. Algo que fica bem num contexto de demasiados filmes para pouca emoção. O Orfanato tem a receita certa de medo.

1 comentário:

Tiago Gomes disse...

Concordo que o orfanato é um filme de qualidade. Mas o meu comentário á tua mensagem foca-se no primeiro parágrafo. Eu tenho uma teoria sobre o cinema de terror ou são filmes de grande qualidade (experiência maior) ou são demasiado banais cheios de clichés, mas minimamente bem produzidos (estes para mim são os piores), depois á aqueles que são tão maus e tão, despropositadamente, mal feitos que acabam por ser extremamente divertidos, alguns até se tornam filmes de culto.
É uma das razões porque vejo tantos filmes de terror a busca do muito bom e do muito mau (mas divertido)... Aqueles intermédios é que são perda de tempo.