25 de agosto de 2008

NA SALA ESCURA: Coração de metal








GULA.
«Não quero sobreviver. Quero viver!» Capitão

Quando pensamos que os filmes da Pixar correm o risco de ficarem formatados por fórmulas já conhecidas, eis que há um novo passo pelo terreno da inovação, neste caso explorando as muitas ramificações que um filme de ficção científica pode esconder.

É certo que há um fundamento moral nesta fábula apocalíptica, um herói que muitos já compararam a E.T., mas e depois?

WALL-E apela ao lado infantil que todos escondemos, ao assombro que se faz por imagens mais do que palavras
e à ternura que nasce ao testemunhar que um boneco de metal esconde a fragilidade e os gostos de um ser humano.

A fórmula assemelha-se à de Pinóquio, mas não perde demasiado tempo na conquista de um coração. O robô protagonista aceita-se tal como é desde o início e vai perceber que pode conquistar tudo à sua volta se lutar por isso...

É esta a moral de mais uma prodigiosa metáfora sobre os limites da Humanidade. Pelo caminho, o realizador Andrew Stanton aproveita para homenagear a ficção-científica (as alusões a universos como os de «2001 - Odisseia no Espaço», de Stanley Kubrick», ou de «Alien», de Ridley Scott» são assumidas) e explicar como o progresso não traz só coisas boas.

Mais um tratado inteligente da Pixar, que parece cada vez mais interessada em assumir-se como laboratório de novas ideias. A animação só ganha com isso.


Outra crítica aqui

WALL-E
De Andrew Stanton (2008)
* * * * *
Quando já não existe vestígio humano na Terra, o futuro pode estar nas mãos de um robô simplório que empilha lixo. Sim, é assim que começa esta colossal animação (a mais cara de sempre...), mais uma vez certeira na capacidade de emocionar o espectador. A jornada da máquina apaixonada por um outro robô topo de gama condensa o lado mais existencialista da ficção científica com a pura aventura apocalíptica, que tem tudo para se tornar um clássico. Ao jogar com as imagens, mais do que com as palavras, WALL-E ainda expõe mais a sua força. No fundo, é a última obra-prima da Pixar.

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