16 de junho de 2009

O QUE AÍ VEM... A Fita Branca












IRA. «Não existe uma só verdade, apenas a verdade pessoal.» MICHAEL HANEKE

É filmado a preto e branco, tem um tom glacial, e deixa-se embrenhar pelo ambiente da guerra.

Ao certo sabe-se ainda que A FITA BRANCA, a última obra do polémico Michael Haneke, regressa à Alemanha rural de 1913.

O espaço da acção é uma escola que é alvo de estranhos acontecimentos, naquilo que parece um ritual de punição.

Sempre habituado a lidar com a violência e a aproximá-la de outras questões mais elevadas, o realizador de «A Pianista» quer analisar com a argúcia de um psicólogo de que forma tudo isso afecta a rotina daquele espaço de ensino e até que ponto se cola tudo isto com o fascismo.

O tema é sério e filmado com aquela crueza que o cineasta já nos habituou em outras ocasiões. A sua câmara estilhaça angústias, que emergem silenciosas, ao mesmo tempo que o medo corrói.

Para ajudar há ainda uma dose de polémica, que acaba por engrandecer o trabalho. Recebeu a mais recente Palma d'Ouro de Melhor Filme no Festival de Cannes, mas a imprensa especializada - ou pelo menos parte dela... - ficou irada com a escolha face a outros títulos a concurso.

Explicações maldosas para a escolha discutível? A presidente do júri no certame deste ano foi a actriz francesa Isabelle Huppert, amiga de Michael Haneke, que a dirigiu implacavelmente em «A Pianista», filme que lhe deu há uns anos a Palma d'Ouro de Melhor Actriz.

No dia da entrega de prémios, Huppert surgiu de branco como que a antever que o resultado da noite já estava mais que certo. O cineasta chegou até a receber o prémio por A FITA BRANCA pelas mãos da própria actriz, quando tal não costuma ser habitual... Os ódios e as tricas no cinema chegam até ao local mais prestigiado de todos. Será que Cannes está cada vez mais parecida com Hollywood?

Efeito número 1 de tudo isto: não vou perder a obra polémica nem por nada. Até porque as obsessões de Michael Haneke são sempre motivo de redobrado interesse.

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