1 de junho de 2009

Os Sete Pecados de... Maio 2009













SOBERBA. Acabadinho de chegar de umas férias pelas praias gregas, de que me apetece falar? Da Grécia, propriamente dita. Da sua história, dos seus filósofos, das suas praias, dos seus contrastes, da sua arte para desenrascar, da sua gastronomia, dos seus barcos. Há uma frescura neste país que contagia. Mais nas suas ilhas (Creta, Santorini, Myconos) do que propriamente na velha Atenas desajustada e suja. O património artístico também é de lembrar, mas neste momento até dá vontade de ir finalmente ver os encantos do megaêxito MAMMA MIA!. Tudo porque se passa nas belas paisagens de Santorini - o ponto alto desta viagem retemperadora.

GULA. Pelo caminho, em Madrid, dei uma espreitadela à Fnac e descobri que há mais edições de coleccionador lá fora do que por cá. Descobri uma de «Pulp Fiction», que inclui lenço alusivo ao filme; outra de «Tróia», carregada de extras. Mas o achado maior trouxe-o comigo: uma edição dupla de «La Dolce Vita» por 6 euros, com uma longa entrevista a Fellini a preencher o segundo disco. É certo que só tem legendas em castelhano, mas custa-me comprar a versão portuguesa da Costa do Castelo, que é quatro vezes mais mais cara - esta é, provavelmente, a editora mais inimiga das promoções.

INVEJA. Finalmente há uma Palma d'Ouro nacional no Festival de Cannes. O mérito foi de João Salaviza que, com «Arena», trouxe para casa o prémio principal na categoria de curta-metragem. Trata-se da história que se estende por apenas 15 minutos de um jovem em prisão domiciliária. Esperemos que a exibição nacional não demore!

PREGUIÇA. Maio foi um mês sem idas ao cinema. Algo que entristece mas que também é sintomático do número de poucas estreias realmente capazes de arrastarem alguém com pouco tempo disponível para a sala escura. Ainda assim, nem a nova versão de «Star Trek» consegui descobrir.

IRA. A morte de Bénard da Costa empobreceu o cinema. Por mais críticas que se lhe fizessem, amou a sétima arte como poucos. E um pouco dela desapareceu com ele no passado dia 21.

LUXÚRIA. A descoberta do mês vai para um western discreto, mas muito forte no modo como eleva a cobiça. Um tesouro grandioso descoberto por Dutch (Glenn Ford) vai levá-lo ao cúmulo da desgraça. Até o seu grande amor, que na verdade é casada, sonha com a sua destruição e quer apenas o seu dinheiro. «Oiro Maldito» tem os ingredientes certos, mas acima de tudo uma presença feminina que vai mais longe do que é costume. A personagem de Ida Lupino coloca a ganância num patamar demasiado elevado. Nada disto pode acabar bem...

AVAREZA. A realização de Ryan Fleck é tão assombrosa na sua contenção em «Half Nelson - Encurralados» que até assusta. No entanto, este filme sobre personagens perdidas só funciona porque há uma força da natureza chamada Ryan Gosling. É um filme sobre a arte de ensinar mas representa quase uma antítese do moralismo de «O Clube dos Poetas Mortos». A vida real não tem graça!

Sem comentários: