SOBERBA. Assim que cheguei de férias, ter ido correr para a Fnac e comprado a colecção «Ingmar Bergman», que a Castello Lopes disponibilizou. Do pé para a mão (e com menos 60 euros no bolso), fiquei com 11 obras do mestre. Estão lá todas as mais importantes, excepto O SÉTIMO SELO e FANNY AND ALEXANDER. Porém, só me vou preocupar com isso lá para 2o10, período em que devo acabar de ver os trabalhos mais sonantes do realizador sueco.
GULA. Ter visto de uma assentada, no avião da TAP e durante uma longa viagem de oito horas, três filmes tão díspares quanto são SHREK 3, HOMEM-ARANHA 3 e... a boa surpresa da jornada tripla... GOLPE QUASE PERFEITO. Tinha-me escapado no cinema as aventuras de Richard Gere a tentar ludibriar tudo e todos com a sua biografia de Howard Hughes. O filme é a obra mais sólida e menos enjoativa de Lasse Hällstrom dos últimos anos e está construído em jeito de farsa megalómana. Não diria é que Richard Gere tem mesmo perfil de burlão e constrói nessa pele o seu mais interessante desempenho. Alfred Molina e Marcia Gary Harden são excelentes secundários.
PREGUIÇA. Ter deixado escapar nas salas algumas obras obrigatórias. Exemplos? O SABOR DA MELANCIA, ULTIMATO, MYSTERIOUS SKIN, HAIRSPRAY ou MUITO BEM, OBRIGADO. Sei que em alguns destes exemplos ainda vou a tempo de corrigir a falha. Mas será que tenho tempo para o fazer?
IRA. O fim da revista portuguesa PREMIERE é mesmo o caso da revolta cinéfila do mês. No meio de tanta ausência editorial no que concerne à cultura - este ano, também perdemos o suplemento 6ª, do «DN», e veremos se o aparecimento da «Time Out» (gostei do primeiro número, apesar do cartaz exaustivo...) compensa a mágoa de perder uma revista que já era um encontro mensal com sete anos.
LUXÚRIA. Os jogos amorosos de Julie Delpy são o caso sentimental do meu mês, até porque no grande ecrã não houve tempo para ver mais... A francesa é empenhada na realização de 2 DIAS EM PARIS e cria mesmo um doce olhar sobre a vida a dois e as suspeitas de traição. Adam Goldberg é o contraponto que Delpy precisa para brilhar num romance em que cada minuto volta a contar. Ou não fosse a francesa uma acérrima defensora do estilo dramático de Richard Linklater.
INVEJA. Perceber o quão pouco se sabe de cinema quando se lê o livro «As Lições do Cinema», de João Mário Grilo. Pois bem, aceitei o repto, comprei-o e estou demoradamente a recordar as teorias que o cineasta já me havia explicado na universidade (na saudosa cadeira de Filmologia). Está lá tudo: a imagem-movimento de Gilles Deleuze, a escola russa e alemã, Eisenstein, Epstein, Murnau, Ford e a noção de que a teoria vale o que vale. O cinema é emoção. Mas encará-lo como uma arte, da qual se pode extrair todas as ilações, é recompensador. Só não se pode é perder aquela dose de espontaneidade, porque corta a magia do cinema. João Mário Grilo descreve-a ao pormenor, mas também a corrompe ao desmistificá-la nas suas multiplas posições e ao autopsiá-la com o engenho de um agente do C.S.I.. O seu génio é inegável, mas ler «As Lições do Cinema» retira um pouco aquele ímpeto de querer ver um filme sem pensar em «zoom», «fora de campo», «plano» ou «raccord». Às vezes já não consigo fazer isso.
AVAREZA. Ter decidido condensar um mês inteirinho de cinema numa nova secção. Como se o SIN CINEMA já não tivesse espaços em demasia... e como se pudesse suprimir 30 dias em sete parágrafos. O que conta é a intenção.
1 comentário:
Gosto. Gosto do novo grafismo. Gosto desta nova rubrica, bem conseguida, sem dúvida. A fazer lembrar Os Dias de Criswell, da Premiere, com um conceito muito próprio.
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