14 de março de 2008

O MAIOR PECADO DE... Tim Burton








PREGUIÇA.
«Enquanto 'Eduardo Mãos de Tesoura' não podia ter vindo de outra mente criativa, este filme poderia ter sido dirigido por um qualquer realizador de acção» in LOOKING CLOSER

Já que estamos a falar de símios, e numa altura em que «Sweeney Todd» é ainda uma boa recordação recente, nada como lembrar o ponto fraco da carreira de uma das mentes mais retorcidas e frutuosas do cinema comercial.

Que não restem interrogações: Tim Burton é um cineasta na amplitude do conceito, quer pela capacidade intrínseca em desenvolver ambientes, quer pela aproximação do cinema ao poder expressionista do imaginário fantástico, de contornos góticos, onde há sempre árvores de ramos fantasmagóricos, personagens com a palidez digna de um morto-vivo e, na melhor das hipóteses, mais um desempenho idiossincrático de Johnny Depp.

O que é certo é que 2001 foi um ano difícil para os Estados Unidos e para a carreira de Tim Burton que, na sua maré revisionista, se lembrou de ir pegar no conto futurista de Franklin J. Schaffner, o memorável «O Homem Que Veio do Futuro».

Ou melhor, o modelo da ficção-científica com neurónios, que fez todo o sentido na altura da sua estreia, em 1967, mas que ficou cristalizado no tempo - nem as suas sequelas lhe fizeram a mínima sombra... Não é que o facto de Tim Burton decidir refazer uma obra de potencial cinematográfico seja um problema. Parece até, observando «Charlie e a Fábrica dos Chocolates» ou o recente «Sweeney Todd», que quanto mais intocável é o produto original, maior é o desafio que Tim Burton se coloca a si próprio.

O que se passa é que em PLANETA DOS MACACOS há uma gigantesca ausência de marca autoral em toda a história. O filme começa já cansado
, com um protagonista pouco expressivo (Mark Wahlberg mal se distingue em relação aos restantes símios...) e até os macacos não causam o assombro do filme original. Burton requisitou Tim Roth, Helena Bonham-Carter ou Paul Giamatti para se submeterem a dolorosas horas de maquilhagem, mas nenhum deles sobressai para lá das orelhas e do focinho de macaco.

Qualquer tentativa de obter uma réstia de emoção é vã e ninguém parece querer realmente saber em que planeta está o astronauta de Wahlberg ou por que razão os símios insistem em tratar os humanos como animais.

Se, por um lado, já conhecemos a história de cor, por outro esta nova versão raramente ultrapassa a mediania de um vulgar filme de aventuras. Nem a presença bela (e quase sem palavras) de Estella Warren chega para confortar...

Quanto ao badalado final, quando chega já nós estamos perdidos entre bocejos. Macacos me mordam: ainda bem que Tim Burton não demorou a acordar deste inconsequente e caro pesadelo!


Críticas de fugir:
- CINEMA 2000: É, claramente, um Tim Burton «menor», que, mais selvajaria menos selvajaria, está demasiado preso à iconografia (até à cenografia) marcada pela versão de Franklin J. Schaffner.

- ENTERTAINMENT TODAY: «Planeta dos Macacos» tem macacos que falam, sim, mas parece que não percebeu nada do comportamento humano, comportamento primata ou o que quer que ele queira passar.

- E-FILMCRITIC.COM: Mark Wahlberg não é Charlton Heston e a Estátua da Liberdade nunca chega a fazer a sua aparição.