22 de dezembro de 2007

Novo fôlego aos 99 anos








AVAREZA.
«Não olho para os filmes que fiz.» MANOEL DE OLIVEIRA

A homenagem já vem tardia mas não podia deixar de ser feita: Manoel de Oliveira comemorou 99 anos no dia 11 de Dezembro e decidiu dar entrevistas a tudo o que é órgão de informação, mostrando estar à beira do centenário com uma vitalidade invejável.

Para o comprovar, está a soberba entrevista concedida ao «Expresso» em que o realizador de «Porto da Minha Infância», «A Carta» ou «Vale Abraão» fala dos seus projectos futuros, revela uma imensa consideração sobre a sua arte e, acima de tudo, revela lucidez. Para falar de ética, obra de arte ou memórias cinéfilas.

Mais odiado do que desejado, Manoel de Olivieira será um daqueles cineastas que só daqui a várias décadas terá o valor merecido
.

Não tem uma forma de fazer cinema convencional, fácil, homogénea. Não... O seu estilo é disperso, dengoso, lento e algo conservador. Mas revela o traço prolífico e o cariz erudito de elevar a sua câmara para um espaço cénico que oscila entre o cinema, o teatro ou o puro quadro.

Talvez seja isso: o seu cinema é uma imensa galeria de quadros muito pensados. Com um traço de artista que não se esquece. A vitalidade pode continuar em pleno à beira dos 100 anos. Manoel de Oliveira merece aplausos de pé.

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