21 de outubro de 2007
CINEFILIA: O documentário quer ser cinema
SOBERBA. «O documentário foi assunto e criou-se uma nova consciência da sua enorme riqueza, diversidade e potencialidades.» in Apresentação do DocLisboa 2007
Assim como a televisão foi hábil em usurpar o potencial narrativo do cinema - atente-se na nova gama de séries norte-americanas com meios e qualidade dramática dignos de longas-metragens de grande orçamento -, o cinema também começa a incluir outras formas de expressão e a projectar obras de cariz documental. O documentário é, hoje, norma na programação por cabo, mas muitos dos exemplares são meros «enlatados» com marca ausente numa enorme linha de produção. Porém, há cada vez mais casos de documentários que merecem ser vistos na sala escura e que fazem muito bem em tentar combater o espartilho do pequeno ecrã. Lisboa já tem o seu festival de prestígio neste campo - o DocLisboa está aí para as curvas com a programação a incluir obras de Michael Moore, Edgar Pêra e muitos outros autores do mundo inteiro. A grande maioria injustamente desconhecida. A propósito do DocLisboa, nada como recordar cinco boas obras que tiveram honras de estreia no grande ecrã:
- LISBOETAS: O documentário português mais bem sucedido de sempre - com uns impressionantes 30 mil espectadores em sala - é também um olhar a oscilar entre o realista e o poético para os novos rostos de Lisboa, com o que isso tem de bom e de mau. Sérgio Tréffaut é um humanista na sua forma de filmar.
- UMA VERDADE INCONVENIENTE: Houve um Óscar, agora um Nobel. Há quem tenha muitas dúvidas sobre as pretensões de Al Gore, mas o que é certo é que a sua aula de biologia e meteorologia, alertando para os problemas climatéricos, é eficaz e não compromete na mensagem. O bem do planeta justifica todos os potenciais oportunismos.
- OS FRIEDMAN: É capaz de ser um caso sobre de que forma as fronteiras dramáticas de um documentário se podem esbater. As imagens são de arquivo real e procuram entender o quotidiano familiar quando o pai é acusado de abusar crianças. Entre o choque e a repulsa, o filme convence.
- BUENA VISTA SOCIAL CLUB: Bela declaração de amor de Wim Wenders a Cuba. Terra de muitas desigualdades, mas também de muito ritmo. Conhecer personagens como Compay Segundo são um bálsamo e Wim Wenders é um mestre na arte de envolver a música com as histórias de vida dos seus cantores.
- NO DIRECTION HOME: Martin Scorsese a querer explicar-nos quem é Bod Dylan? Haverá combinação de génios mais prometedora? Não há, de facto, e o filme é uma biografia descomplexada que ajuda ainda a descortinar os meandros musicais dos anos 60.
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