8 de janeiro de 2009

7 momentos inesquecíveis de «Fight Club»

ESPECIAL DAVID FINCHER
IRA.
«Só depois de se ter perdido tudo é que se é capaz de fazer tudo.» TYLER DURDEN (Brad Pitt)

O retrato é negro: o mundo em que vivemos segue o paradoxo de transmitir ideias de liberdade quando nos aprisiona de mil e uma obscuras formas... Esta é a mensagem pessimista de CLUBE DE COMBATE, que David Fincher conseguiu expor como ninguém no cinema.

Mesmo que não se concorde com este retrato negro e violento das inquietações do final do século XX, admira-se o arrojo, a vontade de questionar um certo caos
e seguir teorias interessantes sobre até onde nos pode levar o consumismo.

A escrita de Chuck Palahniuk não é propriamente estimulante, é até demasiado desarticulada com o único propósito de chocar. Mas não é que encaixa como uma luva na câmara oscilante e descomplexada de Fincher? É um dos raros casos em que o filme ultrapassa de longe a obra literária de que parte...

1 - Ver a personagem sem nome de Edward Norton a esmurrar-se a si própria no seu escritório, perante o olhar incrédulo do seu chefe, é mais uma pista para o estado de demência que vive esta interessante figura... Resultado? Sai com uma indemnização choruda e muitos golpes no rosto. Nada de mais para quem se sente fortalecido a levar pancada...

2 - Ver a mesma personagem a ser consolada pelos seios disformes do obeso Robert «Bob» Paulson, logo no início da acção. Não há nada de dúbio aqui, nem nenhuma insinuação sexual. É apenas uma forma de mostrar o tom extremo e desencantado das personagens deste filme. O encontro dá-se numa sessão de auto-ajuda de... vítimas de cancro nos testículos!

3 - Vermos Tyler Durden (Brad Pitt) a revelar as regras do recém-criado Clube de Combate: «The first rule of Fight Club is - you do not talk about Fight Club. The second rule of Fight Club is - you DO NOT talk about Fight Club. Third rule of Fight Club, someone yells Stop!, goes limp, taps out, the fight is over. Fourth rule, only two guys to a fight. Fifth rule, one fight at a time, fellas. Sixth rule, no shirt, no shoes. Seventh rule, fights will go on as long as they have to. And the eighth and final rule, if this is your first night at Fight Club, you have to fight.» É caso para dizer que há demasiadas regras num espaço onde a ideia é escapar às leis sociais.

4 - O hábito desordeiro (mais um) da personagem de Brad Pitt inserir intencionalmente imagens de teor sexual nas fitas de filmes para toda a família. O efeito é genial: se, por brevíssimos instantes, surgir um pénis no meio de uma obra de animação, a mente absorverá a mensagem mas ficará em dúvida sobre se viu realmente o que viu. No fundo, é o cinema a perverter o próprio cinema.

5 - O hábito compulsivo de fumar cigarros de Marla Singer é também uma característica que fica para definir a brilhante personagem de Helena Bonham Carter. O realizador tira o máximo partido logo no início, quando a filma envolta em fumo, num belo plano que até satiriza a imagem da femme fatale do velhinho film noir.

6 - O momento da reviravolta. E lembrar as frases de Tyler Durden: «Hei, criaste-me! Não fui eu que criei um alter-ego loser para me fazer sentir melhor. Assume a responsabilidade!»

7 - O final: vermos o casal principal desta alucinante história no alto de um arranha-céus, com ele esvaído em sangue. Lá fora, os prédios ruem (de modo pitoresco, é certo) ao som do poderoso - e oportuno - tema musical Where Is My Mind.

Sem comentários: