31 de janeiro de 2009

OS SETE PECADOS DE... Janeiro 2009














INVEJA. Quanto mais filmes se vêem, mais se descobre a imensidão que há ainda para ver. A minha descoberta do mês é daqueles grandes embaraços por não se ter visto antes, mas a beleza da mensagem que lhe é inerente merece todos os destaques e mais alguns. CINEMA PARAÍSO, de Giuseppe Tornatore, é das mais belas homenagens que o cinema pôde fazer a si próprio, por tentar expor em imagens o impacto desta invenção junto das pessoas. Além disso, não teoriza sobre o facto, aposta na emoção, que é talvez o efeito mais poderoso de um filme: toca-nos. E tudo isto segundo uma forma de dirigir certeira, que deve muito ao neo-realismo italiano.

PREGUIÇA. O cinema português continua a apostar nas mesmas fórmulas para chegar ao grande público. Neste início de ano, a produção nacional volta a enganar-se a si própria, recorrendo às figuras das revistas, cenas ousadas e acção que copia modelos lá de fora para se impor. «Contrato» e «Second Life» são os mais recentes produtos de um equívoco.

LUXÚRIA. O jogo de traição do mês vai para aquele que se constrói em «Os Três Macacos». A solidão e a vontade de fazer a diferença levam uma mulher a entregar-se à pessoa errada. Desfecho? O desmembramento de uma família, filmada pela belíssima câmara de Nuri Bilge Ceylan.

GULA. A colecção da obra integral de Woody Allen em DVD está cada vez mais próxima de ser uma realidade. É de aplaudir as edições de «Os Dias da Rádio», «Zelig» ou «A Rosa Púrpura do Cairo». O que falta? «Take the Money and Run», «Celebridades» e o excelente (e meu favorito) «As Faces de Harry».

SOBERBA. Alguém explica que decisão foi essa de pôr Hugh Jackman a apresentar a próxima gala dos Óscares? Ele não é propriamente cómico nem se conhecem dons de entretenimento por aí além... Onde está Ellen DeGeneres ou Billy Crystal? Será que ter sido eleito recentemente o homem mais sexy do mundo é requisito para compensar as fracas audiências das últimas edições dos prémios da Academia?

AVAREZA. O cinema despojado de meios técnicos sumptuosos e ruído é cada vez mais uma raridade e um bálsamo para o olhar. Por isso, aqui vai novo aplauso para «Os Três Macacos».

IRA. As guerras entre Paulo Branco e Zon estão muito acesas. Tudo por causa de um cartão que permitiria aos clientes da TV Cabo ver cinema à borla. A questão é: como se explica o Medeia Card? Promoções há muitas e um mercado exigente obriga a lutar para fidelizar os clientes. Cada player deve usar as suas armas e não sucumbir com medo dos seus efeitos. As queixas à Autoridade da Concorrência, que suspendeu para já a campanha, deixam no ar um certo tom de mau perder. Nesse ponto, Paulo Branco nem tem muito com que se preocupar: quem frequenta um King, um Nimas ou um Monumental vai continuar a fazê-lo.

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