15 de janeiro de 2009

O MAIOR PECADO DE... David Fincher

ESPECIAL DAVID FINCHER
SOBERBA. «Uma personagem como esta nunca consentiria jogar um jogo sobre o qual tivesse tão pouco controlo.» Apollo Guide

Escolher o ponto fraco da carreira de David Fincher é não só difícil como até algo manipulador. No seu breve e sólido percurso não há nenhum mau filme, há apenas dois ou três cuja força não é de obra-prima, mas também não embaraçam ninguém.

Deste lote de obras menos especiais, nos quais se aproximam levemente «Alien 3 - A Desforra» ou «Sala de Pânico», cabe a O JOGO o lugar menos meritório devido justamente a um problema de manipulação.

Se se atender à crítica destacada logo no início deste texto percebe-se que o filme se espalha logo na premissa de levar um empresário inteligente e controlador a ser vítima de um jogo de efeitos perversos. Pois bem: o jogo é apresentado a martelo, vivido pela personagem de forma meramente artificiosa e a sucessão de peripécias não colam dada a desenvoltura moral da figura vivida por um enérgico Michael Douglas.

Não é no efeito de tensão que O JOGO não consegue dar a volta. Esta está muito bem elaborada e a dinâmica da acção deve muito a Kafka e às suas encruzilhadas dramáticas. Porém, as personagens não têm profundidade, Sean Penn é uma mera sombra de uma personagem e nada soa a sério. Tudo bem, não passa de um jogo. Mas o problema é que o próprio filme falha no esforço de querer manter o espectador na dúvida. Na dúvida não quanto ao sentido da história, mas na dúvida quanto à verosimilhança das situações, das figuras, dos diálogos.

Soa a filme que quer ser a última sensação. Mas que está também a meio caminho do embuste. Algo que lhe dá um tom descomplexado e até um certo estilo. Mas a excessiva duração evidencia as lacunas.

Críticas de fugir:
- DECENT FILMS GUIDE: É um filme negro. Demasiado negro. Uma das primeiras falhas do filme está na personagem de Michael Douglas: não é credível.

- GLOBE AND MAIL: As regras? O objectivo? Não sabe a personagem nem nós - inicialmente essa ignorância partilhada até consegue gerar alguma curiosidade.

1 comentário:

emot disse...

Com pecados destes, estava o cinema muito muito bem! Eu gostei bastante de O Jogo. Acho que gostei mais até do que Sala de Pânico ;)