AVAREZA. «O filme como um sonho. O filme como música. Nenhuma arte transmite a nossa consciência da mesma forma que o filme o consegue, e vai directamente aos nossos sentimentos, ao mais profundo dos quartos escuros das nossas almas.» INGMAR BERGMAN 1918-2007
Há realizadores que nos habituamos a entender como seres imortais porque já se confundem com a própria história do cinema e sempre acompanharam a noção que temos dos filmes. São realizadores que, por isso, nunca morrem. Mas que quando deixam de respirar nos causam arrepios na pele porque percebemos que o tempo passa e que a verve criativa tem um fim. Nem que seja por mero constrangimento cronológico. O realizador Ingmar Bergman morreu aos 89 anos e hoje o cinema mundial está de luto (mais do que a própria Suécia). Porquê? Porque Ingmar Bergman é o mais intenso cineasta das emoções, dos sentimentos interiores, com a gigantesca capacidade de elevar o cinema à mais nobre tradição cénica emocional (que foi o que fez em PERSONA, MORANGOS SILVESTRES, O SÉTIMO SELO, A LENDA DA VIRGEM, FANNY E ALEXANDER, SARABAND ou SONATA DE OUTONO - todos filmes dramaticamente geniais, todas unânimes obras-primas). A câmara nas mãos de Bergman era um olho íntimo, invasor de privacidade para contar histórias quase sempre desconcertantes. O cinema-emoção era a sua imagem de marca, o grande plano a sua técnica mais expressiva. Ver a obra de Bergman é, por isso, uma obrigatória aula de cinema. Mas, acima de tudo, de humanidade.
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